quarta-feira, 21 de novembro de 2007

De olho na rua

Ler blogs alheios agora faz parte do trabalho. Ganhei de bandeja um aperitivo de kani e mordi achando que fosse caviar. Cilada. Fui contaminada. A partir dessa semana publicarei uma coluna na revista com as melhores sacadas dos blogueiros nacionais. Maneiro? Entediante. 98% dos blogues são paulistas. 95% não têm praticamente texto. 93% são um diário. 90% sobre sacanagem. Esses números eu inventei, mas a verdade mesmo é que não sei o que publicar do blogue dos outros. Todos os blogues cariocas mencionam a árvore de natalda lagoa e todos os paulistas a queda do corinthians (que aliás eu só soube porque agora eu leio blogs de são paulo (!) ). Tão entediante quanto aqui. Tiro na testa.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Quando eu crescer...

Ser arqueóloga era a primeira opção para quando crescesse. Para as brincadeiras no jardim também. Depois veio fase da arquitetura. Passava horas e horas desenhando plantas do apartamento ideal, onde moraria quando fosse grande. No dia em que descobriu que seria bom ganhar algum dinheiro e ser independente, decidiu ser advogada. Quatro anos depois, faculdade no fim, prateleiras completas de jurisdição, resolveu que queria mesmo era escrever para sempre. As decisões começaram a ficar cada vez mais complexas e, prevendo o fracasso de ser escritora, optou por ser editora. Na dúvida pelo curso ideal, foi ser jornalista. Descobriu as pessoas, se apaixonou pela cidade, contaminou-se pela adrenalina. Esqueceu que um dia desejou andar pelo mundo desvendando histórias antepassadas. Parou de se preocupar com o sonho da casa ideal. Apagou da memória os dias em que se sentiu adulta andando pelo Centro de tailleur. Aguardou com saudades as histórias que leu, as orelhas que escreveu e os livros que ajudou a publicar. A gaveta ficou cheia de reportagens assinadas por ela, alguns personagens foram eternizados pelas palavras dela, e só para ela. Percebeu que havia finalmente crescido, mas que ainda não podia ficar em pé com as próprias pernas. As reportagens não trouxeram conhecimentos como a arqueologia trazeria. A busca pela palavra ideal não era pilar estruturado o suficiente para que tivesse sua própria casa. As armas da imprensa não vinham acompanhadas do sálario fornecido pela justiça. A linguagem seca e jornalistica a fez perder a fantasia necessária para o grande romance, entedeu que precisava ainda de muito mais para ser editora. Quando finalmente cresceu, o jornalismo a abandonou. Agora, antecipa o sentimento de não saber o que fazer com tanto tempo livre.

Delícias do dia: Sentir a serotonina atuando no organismo ao som de Franz Fernidand e querer corre cada vez mais rápido; amendoim com coca-cola; barulho da chuva; calça de moleton; e o melhor de tudo: dois novos travesseiros de pena de ganso. Só faltou aquele abraço.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Trabalha, trabalha, de graça

Quando só se consegue escrever posts no trabalho (e sobre trabalho), quando todos os convites tem que ser recusados e, a primeira coisa que você faz ao atender o telefone - mesmo que seja o de casa - é dizer o nome da empresa, é sinal de que se está trabalhando demais. Quando se começa a trocar o nome dos familiares pelos dos colegas de trabalho, e seus sonhos são povoados por gente do escritório, é sinal de que a coisa está feia, muito feia. Quando vc sente o quadril alargando em função da quantidade de horas sentada em frente ao computador, quando todas as refeições são feitas na cantina e o banheiro do escritório é o único em que vc consegue ir, definitivamente é hora de tirar férias. E a prova maior disso é chegar em casa e ver televisão no mute por duas horas para descansar a mente. O que aconteceu com a ioga, meu deus?

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Assim que conseguir parar, eu volto

Ando com saudade de escrever aqui. Ando sem inspiração também. Ando meio em ziguezague e tropeçando em algumas pedras. Ando descalça, a pé e sem fôlego. Algumas vezes ando arrastando chinelo, outras me equilibrando no salto alto. Me perdi muitas vezes nos caminhos e sinceramente não sei aonde vou parar. Tento pular alguns buracos. Meus joelhos estão ralados e a ladeira é ingrime demais. As distâncias estão mais longas e a estrada de tijolos amarelos deveria ser depois daquela rua a esquerda, mas toda vez que acho que já está chegando, ainda falta mais um pouco. Ando meio sonâmbula. As letras se misturam formando palavras que não conheço. Talvez tenha esquecido, não sei. O laço do tênis desamarrou e as cascas de banana estão a cada novo passo. Ando por aí sem saber muito bem de mim e acho que assim não consigo parar para escrever.