tag:blogger.com,1999:blog-51073008318791352702024-03-14T07:15:59.717-03:00Secret du jourAnnahttp://www.blogger.com/profile/13577296976883887215noreply@blogger.comBlogger212125tag:blogger.com,1999:blog-5107300831879135270.post-20290218198234867612013-01-30T23:18:00.002-02:002013-01-30T23:18:52.785-02:00Todos nós somos nuvens
<br />
<div class="p1">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="p1">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">1. </span></div>
<div class="p1">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="p1">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">De todos os dias da vida. </span></div>
<div class="p1">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Quando ela chegou à vida. </span></div>
<div class="p1">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Quando se fez vida. </span></div>
<div class="p1">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Foi o dia mais feliz. </span></div>
<div class="p1">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">O mais triste foi aquele em que o vidro estourou. E por mais lindo que fosse ver todas as cores refletindo em cada um dos mini pedacinhos de caco de vidro voando em câmera lenta, aquele foi o pior dia da vida. O pior dia da existência da humanidade - isso mesmo, com todo a hipérbole que a frase merece. O dia em que perdi quem mais amava. Que entendi, mesmo sem entender, que o que aqui começa, aqui se acaba. </span></div>
<div class="p1">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Se você olhar o mundo através de tubo cilíndrico, como se fosse um caleidoscópio, vai ver que as coisas mudam de proporção. Na verdade, tudo o que vemos, todas as coisas do mundo são um jogo de luz e sombra influenciados pelo formato dos nossos olhos, da nossa cabeça, do nosso cérebro, do nosso corpo, e da unha do pé. O que vemos é vida materializada em imaginação. Na verdade, todos nós somos nuvens. </span></div>
<div class="p1">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="p1">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">2. </span></div>
<div class="p1">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="p1">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Uma menina de vestido vermelho. 7 anos. Franja. Entra num restaurante cheio. Olhar para o chão. Tem medo de ser vista. Do chão ninguém olha. Uma mesa vazia é um porto seguro. Ela experimenta. Olha para o lado. Levanta-se. Corre rapidamente por um curto espaço de tempo. Troca de mesa. A cena se repete. A menina experimenta cada uma das mesas vazias. Não são muitas. Uma menina de vestido vermelho está sentada em um restaurante. </span></div>
<div class="p1">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
Annahttp://www.blogger.com/profile/13577296976883887215noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5107300831879135270.post-37935745667654670452013-01-30T23:13:00.001-02:002013-01-30T23:13:04.601-02:00I belong to you <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/kkgtLs0W8SI?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<3 nbsp="" p=""></3>Annahttp://www.blogger.com/profile/13577296976883887215noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5107300831879135270.post-9929124906331299332013-01-30T22:48:00.001-02:002013-01-30T22:51:37.302-02:00É preciso se lembrar<br />
<div class="p1">
<b><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Primeiro é preciso se lembrar como se faz. Escrever.</span></b></div>
<div class="p1">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="p1">
</div>
<div class="p1">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="p2">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Não foi a primeira vez que entrei na casa de alguém que não conhecia. A profissão exige. Entrar na casa de um estranho à tarde pode ser bem invasivo. Ainda mais quando não se está sendo esperado. Ainda mais quando é hora do almoço, quando alguma coisa está no fogo, quando tem bife, arroz, feijão e batata. Quando a luz entra pela janela e bate direto no sofá. Quando é verão e tem brisa. Quando há gatos que, como fantasmas, aprecem sorrateiramente. É preciso chegar à tarde, sem avisar, na casa de quem não se conhece, para de fato capturar a atmosfera. Nada foi preparado. A moeda repousa no cinzeiro. O telefone antigo não toca. Dvds estão empilhados ao lado da televisão, um par de tênis seca na varanda e há roupa no varal. Não que fosse ser diferente, mas é preciso. É preciso esperar por uns 20 minutos na casa de alguém que não te conhece para entender o que se passa. Nunca sente direto no sofá, nem que ele seja de couro, nem que tenha mil almofadas coloridas, nem que tenha apoio para o pé e uma pilha de livros ao lado. É preciso sentar-se de frente para a porta, caso alguém chegue desapercebido. É preciso não cochilar. É preciso olhar cada detalhe, afim de se entender o que se passa na casa de quem não se conhece. </span></div>
<br />Annahttp://www.blogger.com/profile/13577296976883887215noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5107300831879135270.post-27864580965777743982012-03-23T12:52:00.002-03:002012-03-23T12:52:07.992-03:00Das coisas que a gente perde<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/mwX7uEiEWx4?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />Annahttp://www.blogger.com/profile/13577296976883887215noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5107300831879135270.post-66527918829939363502012-03-20T18:18:00.002-03:002012-03-20T18:18:45.828-03:00We are all made of stars<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/9D05ej8u-gU?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>Annahttp://www.blogger.com/profile/13577296976883887215noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5107300831879135270.post-32796054285032350582012-03-20T18:11:00.000-03:002012-03-20T18:11:15.511-03:00Você me dá um minuto?<div class="p1">Você me dá um minuto? Talvez seja preciso um pouco mais. Só pra gente colocar o papo o dia, quem sabe voltar a se conhecer. Preciso te mostrar o meu novo passo de dança. Você vai se surpreender. Ele é meio desajeitado, sem dois pra lá, dois pra cá, só vendo mesmo pra entender. Tenho experimentado umas coisas novas e cheguei a pensar em comprar uma moto, depois a ideia evoluiu para uma bicicleta e como todas as coisas que vem da minha cabeça, eu acabei indo a pé. Eu ando a pé agora, sem parar. Às vezes ando em círculos, às vezes sem destino. Aproveito o tempo livre para andar. Não tenho ido muito longe, fisicamente, quero dizer. Ando estudando o mundo e às vezes é como se eu nem estivesse aqui. </div>Annahttp://www.blogger.com/profile/13577296976883887215noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5107300831879135270.post-4420068440939937372010-10-05T17:57:00.002-03:002010-10-05T17:57:59.265-03:00O dia em que me preparei para te fazer feliz<div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Eu me preparo. </div><div class="MsoNormal">Ponho e tiro coisas do armário.</div><div class="MsoNormal">Dobro e redobro os lençóis em simetria perfeita. (O nosso amor merece a perfeição). </div><div class="MsoNormal">Tiro a poeira das xícaras guardadas. Sopro com força o tempo no prato. (O nosso amor merece força, e esperteza). </div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Eu me preparo. </div><div class="MsoNormal">Assino o meu nome e o seu, mil e uma vezes. </div><div class="MsoNormal">Faço listas intermináveis. Os convidados da nossa festa, os copos da nossa casa, as cores do nosso sofá, os restaurantes da nossa viagem, os lugares que vamos visitar.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>(O nosso amor merece sonhos). </div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">E eu espero. </div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">E às vezes eu reluto. </div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">E às vezes eu me jogo. </div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Mas eu me preparo. E mais uma vez tiro tudo do armário. E escrevo listas infinitas. </div><div class="MsoNormal">Numa rotina constante, cíclica, em que o meu mundo gira em torno do seu.</div>Annahttp://www.blogger.com/profile/13577296976883887215noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5107300831879135270.post-53635529827332441662010-04-07T12:10:00.000-03:002010-04-07T12:10:18.277-03:00Mudanças radicais paralisamJá mudei algumas vezes de casa, tantas de trabalho (é quase a mesma coisa que casa), mudei até de vida outras vezes, ainda assim, paraliso. Ninguém adoece sozinho, você sabe. Um vai virando o outro, o outro vai virando um, e quando percebe-se não se sabe mais quem é quem. E eu sei que você quer me esganar. Eu sei que existe uma outra vida lá dentro, que as vezes tudo se perde, se confunde. É como eu disse, paralisa.Annahttp://www.blogger.com/profile/13577296976883887215noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-5107300831879135270.post-66701711275231293972010-04-06T23:27:00.000-03:002010-04-06T23:27:20.259-03:00Quando o mundo se mexe, escrevo<span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;">Casamento não é garantia de felicidade. Amor também não. Não dá para ter certeza de nada. Freud é foda, quando a gente menos espera ele está lá, com olhos observadores e ouvidos atentos, a espera do menor deslize. Não dá para relaxar. Pode ser Édipo. Aposto que também existe um nome para aquele outro complexo quando a gente copia a história dos próprios pais. Não adianta tentar fugir, gente analizada é foda. Pode ficar cinco anos sem deitar no divã, mas a cabeça programa, não deixa passar nada desapercebido. É fácil saber: quando o mundo se mexe, lá vem.</span>Annahttp://www.blogger.com/profile/13577296976883887215noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5107300831879135270.post-64328673629186100622010-04-06T22:35:00.001-03:002010-04-06T22:46:03.288-03:00Notícias<div style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; margin: 0in;">F., <br />
<br />
</div><div style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; margin: 0in;"></div><div style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; margin: 0in;">Não é preciso estar longe da família para saber que no final das contas são os amigos que fazem a nossa vida mais gostosa, mas talvez a distância - e digo talvez porque, diferente de você, eu não sei muito bem o sentido da palavra distância – seja mesmo fundamental para perceber isso. </div><div style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; margin: 0in;"></div><div style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; margin: 0in;"><br />
A gente não tem se visto muito - e quando digo a gente, me refiro ao nosso quarteto que em outros tempos dividia colarezinhos com chapinhas de coca-cola e fazia tudo junto. Mesmo sem muitas notícias da L., por exemplo, posso dizer que, assim como você, eu, ela e a P. estamos lutando para, nas suas palavras, “decidir a vida”. Cada uma do seu jeito, como sempre foi, como se tivéssemos o poder de realmente assegurar o futuro, como se cada pequeno gesto fosse indispensável para uma vida feliz. </div><div style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; margin: 0in;"></div><div style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; margin: 0in;"><br />
A P. já é uma dona de casa exemplar, mulher de negócios sagaz, mestre de obras que até parece que tem diploma e ainda desfila o salto alto pelas ruas da cidade, mas perua que só ela, foge para Angra em qualquer fim de semana. E sim, ela ainda faz parecer que tira a tarefa de letra. Sobre a L. eu não sei mesmo, ela não liga e tampouco nos esbarramos por aí. Deve estar atarefada com a pós, procurando uma nova alternativa de emprego e descobrindo como é gostoso viver a dois. E eu, bem, eu é sempre mais complicado, mais sentido, mais doído, mais uma fantasia que vida real. Bem, assim como você, quero encontrar um lugar para ficar por um tempo, ou quem sabe para sempre, um cantinho gostoso, cheio de almofadas coloridas, cheiro de pão francês e café ao amanhecer e uma manta quentinha nos pés antes de dormir abraçado. É mais complicado do que parece, tentar ter uma casa e dar os primeiros passos no sentido de construir uma família. O Tom se assusta, com razão, quando eu falo em filhos. Nem ele, nem eu, ainda nos acostumamos a pensar em nós mesmos como adultos. Você já reparou como os nossos pais sempre parecem ter mais idade em fotos antigas? Com a minha idade a minha mãe já tinha dois filhos, um segundo casamento e uma casa grande cheia de empregados. Ou eles eram muito maduros, ou nós somos mesmo muito retardados.</div><div style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; margin: 0in;"></div><div style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; margin: 0in;"><br />
Enfim, a minha maior novidade é uma saia cinza de cintura alta bem justinha. Ontem saí com ela por aí, e se esbarrasse comigo aposto que você nem acreditaria que sou eu, confesso que eu também demorei a me acostumar. Eu e o corpo. Vê só, as coisas não mudaram muito por aqui. Sempre vai ter o dilema do corpo.<br />
A P. sempre vai arrumar o topete. A L. terá a mesma gargalhada. E espero que você esteja sempre com o seu sorriso. Não deixe o inverno, nem os italianos te deixarem no sério. </div><div style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; margin: 0in;"></div><div style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; margin: 0in;"><br />
</div><div style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; margin: 0in;">Beijos, </div><div style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; margin: 0in;"><br />
</div><div style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; margin: 0in;">Anna</div><div style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; margin: 0in;"><br />
</div><div style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; margin: 0in;"></div><div style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; margin: 0in;"><br />
</div>Annahttp://www.blogger.com/profile/13577296976883887215noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5107300831879135270.post-43624719687026859252009-10-27T13:18:00.002-02:002009-10-27T13:24:05.459-02:00Striptease*<span style="color: rgb(255, 102, 102);">*com trechos e ideias de Fernando Pessoa, Mario Quintana e Maria Resende</span><br /><br /><p style="font-family: georgia;font-family:georgia;" class="MsoNormal"><span style="font-size:100%;">Vamos tirar a roupa. Juntos. Peça por peça. Prometo deixar você me conhecer. Prometo ser sua amiga e sua amante. Prometo te apoiar a cada instante. Prometo não deixar a paixão fazer de mim uma pessoa controladora, respeitar a sua individualidade e lembrar que você não me pertence, mas que está ao meu lado por vontade própria. <span style=""> </span><span style=""> </span>Prometo não falar mal de você só para conseguir risadas dos outros. <span style=""> </span><o:p></o:p></span></p> <p style="font-family: georgia;font-family:georgia;" class="MsoNormal"><span style="font-size:100%;">Vamos tirar a roupa. Até que, nus, estejamos devidamente preparados para a celebração. <span style=""> </span>Só um olhar sincero basta. Não precisa bolo, não precisa roupa, pode ser no padre, no juiz ou só no banco, porque o sim mora dentro da felicidade dos dias.<o:p></o:p></span></p> <p style="font-family: georgia;font-family:georgia;" class="MsoNormal"><span style="font-size:100%;">Vamos, com coragem, tirar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. <o:p></o:p></span></p> <p style="font-family: georgia;font-family:georgia;" class="MsoNormal"><span style="font-size:100%;">Vamos tirar a roupa. Juntos. Eu desabotôo a sua camisa. Você tira a minha blusa. Vamos, peça por peça, como fizemos pela primeira vez<span style=""> </span>- e já faz tantos anos. Você segura a minha mão. E, mesmo assim, não deixaremos que a palavra liberdade seja menos importante em nossas vidas do que é hoje. É tempo de travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.<o:p></o:p></span></p> <p style="font-family: georgia;" class="MsoNormal"><span style="font-size:100%;"><span style=""> </span>Vamos tirar a roupa. Prometo fazer sexo sem pudores. E filhos por amor e vontade, e não porque é o que esperam de mim. Prometo sempre me responsabilizar por mim mesma e saber sempre lidar com a minha própria solidão, sentimento que casamento nenhum elimina. <span style=""> </span>E depois disso tudo, prometo fazer da passagem dos nossos anos uma vida de amadurecimento e não uma via de cobranças e sonhos idealizados que não chegaram a se concretizar. <span style=""> </span><o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";" ><span style="font-family: georgia;font-size:100%;" >Vamos sabendo que somos felizes sozinhos, mas muito mais felizes juntos. </span><o:p></o:p></span></p> <span style=";font-family:";" ><o:p></o:p></span>Annahttp://www.blogger.com/profile/13577296976883887215noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-5107300831879135270.post-30509643350031854472009-10-14T14:42:00.013-03:002009-10-16T14:38:09.477-03:00Rising Star<p class="MsoNormal" style="font-family:arial;"><span style="font-size:100%;">Eu sempre li mais que do que dancei, sempre escrevi mais do que cantei. A culpa é da Aline. Aline é minha prima, filha do irmão do meu pai. Desde que aprendi a andar, talvez até mesmo um pouco antes disso, o engatinhado da Aline já tinha um rebolado. A Aline nasceu como uma coisa, uma cor de pele mais morena, uns cachos bonitos e, mais do que isso, um requebrado que sei lá. Se um dia quiserem estabelecer a imagem de uma brasileira no sentido mais esteriotipado da palavra, podem usar uma foto da Aline.<span style=""> </span>Então não tinha outra, se era final de semana, se os primos estavam todos na casa da minha vó Marisa, tinha show da Aline. Da Aline e da Carol. Carol era eu. Uma menina branquinha, de cabelo liso escorrido, assim, meio sem graça, e sem ritmo. Aí a Aline me colocava para dançar. A brincadeira era a seguinte: a Aline era a Xuxa e eu era a Paquita. Às vezes tinha a Paula também, outra prima, que fazia dupla comigo de vez em quando. A Aline ficava na frente, segurando o microfone, e eu e a Paula atrás, tímidas, praticamente dançando ula-ula. E dá-lhe playback – de Diana Krall a Daniela Mercury. <span style=""> </span><o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="font-family:arial;"><span style="font-size:100%;">Isso tudo é para explicar que no fundo eu sou e sempre fui uma artista frustrada. Não sei tocar nenhum instrumento, não afino nenhuma nota, e na hora de falar em público eu meio que congelo.<span style=""> </span>A primeira fez que eu vi a Binki Shapiro no palco, uma luzinha acendeu dentro de mim. Na boa, se aquela menina podia ficar ali sentada num banquinho, linda, só chacoalhando um chocalho, e ainda tirando onda de artista, eu também podia – depois me explicaram que o chocalho é difícil pacas, mas não vem ao caso agora, o que importa é a luzinha acendeu e eu senti que aquele momento era o primeiro brilho de uma estrela. <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="font-family:arial;"><span style="font-size:100%;"> >Muitos Litlle Joys, Killers, Franz Ferdinands e Keanes depois eu descobri algo que transformaria a minha fagulha estrelar em cometa Halley: Rock Band e Guitar Hero. Não é a toa que os jogos eletrônicos venderam milhares de exemplares em tempo recorde. Eu não só consegui tocar uma guitarra, como cantei e ainda me senti uma super star. A minha sorte, e dos meus vizinhos, é que eu não tenho o jogo, porque se tivesse ia ficar tocando clássicos do rock`n roll a noite inteira. Sem falar na roupinha rock star que eu ia descolar. E pensando bem, a mesa da sala bem que daria um bom palco. Quem sabe eu chamo a Aline para backing vocal... </span></p>Annahttp://www.blogger.com/profile/13577296976883887215noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-5107300831879135270.post-69645353092537885262009-09-25T12:22:00.004-03:002009-10-30T14:52:09.105-02:00Fagulhas - de Ana Cristina CésarEu sei que texto dos outros não vale, mas é tão lindo...<br /><br /><div style="text-align: center;"><span style="font-family:arial,helvetica,sans-serif;font-size:130%;"><br /></span></div> <div style="text-align: center;"> </div> <div style="text-align: center;"> </div> <p style="margin: 0cm 0cm 10pt; background: white none repeat scroll 0% 0%; -moz-background-clip: border; -moz-background-origin: padding; -moz-background-inline-policy: continuous; line-height: normal;"><span style="font-size:10pt;"><span style="font-size:130%;"><span style="font-family:arial,helvetica,sans-serif;">Abri curiosa o céu. Assim, afastando de leve as cortinas. Eu queria rir, chorar,<br />ou pelo menos sorrir, com a mesma leveza com que os ares me beijavam.<br />Eu queria entrar, coração ante coração, inteiriça, ou pelo menos mover-me um pouco, com aquela parcimônia que caracterizava as agitações me chamando.</span></span></span></p> <p style="margin: 0cm 0cm 10pt; background: white none repeat scroll 0% 0%; -moz-background-clip: border; -moz-background-origin: padding; -moz-background-inline-policy: continuous; line-height: normal;"><span style="font-size:10pt;"><span style="font-size:130%;"><span style="font-family:arial,helvetica,sans-serif;">Eu queria até mesmo saber ver, e num movimento redondo como as ondas<br />que me circundavam, invisíveis, abraçar com as retinas cada pedacinho de matéria viva.<br /></span></span></span></p> <p style="margin: 0cm 0cm 10pt; background: white none repeat scroll 0% 0%; -moz-background-clip: border; -moz-background-origin: padding; -moz-background-inline-policy: continuous; line-height: normal;"><span style="font-size:10pt;"><span style="font-size:130%;"><span style="font-family:arial,helvetica,sans-serif;">Eu queria (só) perceber o invislumbrável no levíssimo que sobrevoava.</span></span></span></p> <p style="margin: 0cm 0cm 10pt; background: white none repeat scroll 0% 0%; -moz-background-clip: border; -moz-background-origin: padding; -moz-background-inline-policy: continuous; line-height: normal;"><span style="font-size:10pt;"><span style="font-size:130%;"><span style="font-family:arial,helvetica,sans-serif;">Eu queria apanhar uma braçada do infinito em luz que a mim se misturava.</span></span></span></p> <p style="margin: 0cm 0cm 10pt; background: white none repeat scroll 0% 0%; -moz-background-clip: border; -moz-background-origin: padding; -moz-background-inline-policy: continuous; line-height: normal;"><span style="font-size:10pt;"><span style="font-size:130%;"><span style="font-family:arial,helvetica,sans-serif;">Eu queria captar o impercebido nos momentos mínimos do espaço nu e cheio.</span></span></span></p> <p style="margin: 0cm 0cm 10pt; background: white none repeat scroll 0% 0%; -moz-background-clip: border; -moz-background-origin: padding; -moz-background-inline-policy: continuous; line-height: normal;"><span style="font-size:10pt;"><span style="font-size:130%;"><span style="font-family:arial,helvetica,sans-serif;">Eu queria ao menos manter descerradas as cortinas na impossibilidade de tangê-las.</span></span></span></p> <p style="margin: 0cm 0cm 10pt; background: white none repeat scroll 0% 0%; -moz-background-clip: border; -moz-background-origin: padding; -moz-background-inline-policy: continuous; line-height: normal;"><span style="font-size:10pt;"><span style="font-family:arial,helvetica,sans-serif;font-size:130%;">Eu não sabia que virar pelo avesso era uma experiência mortal.</span></span></p> <p style="margin: 0cm 0cm 10pt; background: white none repeat scroll 0% 0%; -moz-background-clip: border; -moz-background-origin: padding; -moz-background-inline-policy: continuous; line-height: normal;"><span style="font-size:10pt;"></span><br /></p>Annahttp://www.blogger.com/profile/13577296976883887215noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5107300831879135270.post-46830904445049369052009-08-17T17:21:00.002-03:002009-08-17T17:45:02.896-03:00Minha pergunta para mimAnna, por que você começou a escrever esse blog?<br /><br />Há em mim algo de desconhecido. Um lado meio escondido, esquecido, povoado de sonhos, idealizações, cheio de desejos reprimidos. Um lugar lá no fundão de mim mesma. Escrever é entrar um pouco em contato com esse lugar. O problema é que é muito dificil olhar para dentro quando há tanta coisa boa do lado de fora. A felicidade seduz. O lado de dentro sempro funcionou como uma fuga do mundo real. Agora, tenho que arrumar novos motivos para visitá-lo.Annahttp://www.blogger.com/profile/13577296976883887215noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5107300831879135270.post-70551576937814129002009-08-02T17:25:00.000-03:002009-08-02T17:27:00.895-03:00Bravo!<div>“Teve um dia em que achei até um bilhete, amor com rasura e que não segue linha de folha pautada, mas foi realmente dessas coisas que não devem acontecer uma segunda vez” ponto final </div><div><br /></div><div>Copiei as palavras da escritora Carol Bensimon - do texto Queda, publicado na sessão de ficção inédita da Bravo!, de agosto - esperando que elas funcionassem como um túnel, uma passagem a algum lugar cheio de palavras, sentidos, frases completas que diriam aquilo que há tempos não consigo dizer. Mas se eu fosse Carol, se eu conhecesse a Carol, ia dizer para ela escrever meio diferente. </div><div><br /></div><div>“Teve um dia em que achei até um bilhete. Era amor com rasura, daquelas que não seguem linha de folha pautada. Mas foi realmente uma dessas coisas que acontecem apenas uma vez”. </div><div><br /></div><div>Mas não conheço Carol, nem tenho intimidade com as palavras - minhas e dela. Naquela tarde de domingo, em silêncio, li Carol falando sobre a morte, em como há algo tão estúpido no fato de um livro durar mais do que uma pessoa, em como as coisas se transformam, até se tornarem partículas infinitas num universo sem tempo e espaço. </div><div><br /></div><div>“Antonia vai virar outras coisas, porque outras coisas viraram Antonia antes, mas o que interessa ter restos de estrelas nos ossos ou ir para o fundo do mar na forma de partículas invisíveis?”, ela diz. </div><div><br /></div><div>Naquela tarde de domingo, mais uma vez, perdi as palavras. </div>Annahttp://www.blogger.com/profile/13577296976883887215noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5107300831879135270.post-8553080089474333532009-07-14T22:07:00.002-03:002009-07-14T22:55:55.859-03:00"É preciso aceitar ser finito: estar aqui e em nenhum outro lugar, fazer isto e não outra coisa, agora e não sempre ou nunca(...); ter apenas esta vida" <div><br /></div><div>"Quando tudo tiver sido dito, tudo ainda ficará por dizer, sempre restará tudo a dizer" </div><div><br /></div><div><br /></div><div>André Gorz</div>Annahttp://www.blogger.com/profile/13577296976883887215noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5107300831879135270.post-85161410810949027692009-07-06T13:04:00.001-03:002009-07-06T13:06:58.086-03:00Feca,<br /> <p>Tenho a impressão que saí correndo pelo tempo. Imagina só, uma menina de cabelos castanhos, All Star desamarrado, correndo pelas memórias. No fundo, Brand New Start, do Little Joy. Na cara, um sorriso travado e a sensação de paz profunda. Está tudo assim, agora, travado num sorriso contínuo, guardado no abraço apertado, na corrida pelo tempo. Num momento estou no metrô<span> </span>em direção ao Centro, no outro, danço <span> </span>vestida de branco no jardim da minha casa, em um futuro próximo, e em seguida estou em uma daquelas festinhas que freqüentávamos ao quinze anos, de body e botas, ou cinto de tachas e jaquetinhas de couro, o que você preferir. <span> </span><span> </span>Quem achava que eu era avoada e sonhadora, nem imagina os riscos que corro agora. Com todas essas viagens pelo tempo, corro perigo de me perder e nunca mais me encontrar. O que não é de todo mal, se eu me substituir por uma nova pessoa, mais objetiva, responsável, concentrada. Não, retiro o que eu disse, essa pessoa seria uma chata de galocha. Ainda bem que as pernas são roliças e não ficam nada bem nessas botas até o joelho. No inverno, cariocas usam botas até o joelho, acredite. Uma das coisas mais difíceis de estar junto é aprender a estar separado.<span> </span>Acho que é por isso que ando freqüentando muito o passado. Saudade também é um fator. Sei lá, eu queria mesmo que tivessem me dito antes que essa coisa de ficar noiva não é assim tão fácil. São muitos planos, e tenho passado uma boa parte do tempo no futuro. Imagino a festa, a casa, a rotina. Quando vejo estou entrando no banheiro masculino do shopping. Juro que aconteceu. Só percebi que o lugar era só para homem, quando um menininho me olhou com uma cara estranha ao sair da cabine, e o faxineiro tocou no meu ombro. Fiquei roxa de vergonha.<br /></p><p><span></span>Apesar das andanças, a alma está bem mais sossegada. Falta até inspiração para escrever. Pode ser também falta de hábito. Já te contei que saí do JB?<span> </span>Trabalho agora numa nova produtora musical, voltada para o mercado independente. Um pouco estranho, se tratando de mim, né? A gente vai ficando mais velha e o fator salário começa mesmo a pesar, agora escrevo muito menos do que gostaria...</p><p> Fiquei feliz em ter notícias suas. Queria mesmo é que essa conversa fosse ao redor de uma mesa de madeira servida com uma daquelas macarronadas que só você prepara. Aliás, nem te conto a minha mais nova aptidão: estou aprendendo a cozinhar. Num desses finais de semana, eu e o Tom quase morremos depois de nos alimentarmos unicamente de pizza e cachorro quente. Se esse casamento for durar para sempre, é melhor alguém aprender a fazer alguma coisa na cozinha. Semana passada foi carne assada com batatas, essa semana foi peixe com cuscuz marroquino. Todas as terças, <span> </span>reúno a família na sala de jantar e faço deles minhas cobaias. É quase maligno... <span> </span></p> <p>Dê notícias, Feca, ando pelo tempo com saudades. </p>Annahttp://www.blogger.com/profile/13577296976883887215noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5107300831879135270.post-29596722923594602832009-06-12T12:20:00.000-03:002009-06-12T12:23:51.720-03:00A felicidade pode vir numa caixaEu tinha vinte e seis anos no dia em que ele colocou a caixinha em cima da mesa. A caixinha de papelão em cima da mesa redonda do bistrô vazio. Todos os meus sonhos dentro da caixinha de papelão naquela noite chuvosa. O resto da minha vida naquela noite chuvosa. Ele disse “não vai abrir?” e eu pedi um tempo. Só mais alguns minutos para observar todos os meus sonhos dentro da caixa. “A felicidade está ao alcance de todos”, eu disse certa vez a uma amiga. Estávamos dentro de uma grande loja de roupas a preços populares e ela acabara de me mostrar um anel de brilhantes de plástico. “Felicidade para você se resume em recebe um anel de brilhantes?”, ela perguntou. Caímos na gargalhada e a frase ficou grudada na minha cabeça. Não muito tempo depois, eu tomava vinho tinto em um bistrô vazio, numa noite chuvosa de abril, quando a caixinha foi posta sobre a mesa redonda. Eu queria ficar para sempre olhando a caixinha de papelão azul e branca. Sabia que aquela não era só mais uma caixa, que um anel não era felicidade, que ele não seria mais meu namorado. O segredo era o significado por trás do gesto. Naquela noite chuvosa de abril, uma caixinha de papelão era uma escolha de vida, o anel era um pedido de cumplicidade, ele era o homem com o qual eu passaria o resto da minha vida. E por isso eu relutei em abrir a caixa, na tentativa de aproveitar ao máximo aquilo tudo. Antes que ele ajoelhasse ao meu lado, antes que meus olhos enchessem de lágrimas, antes que ele perguntasse se eu não ia dizer que sim, antes que eu respondesse que ele não tinha pedido nada, antes que as palavras “você quer casar comigo?” saíssem da boca dele. Antes que fôssemos felizes para sempre. Por que momentos como aquele, só acontecem uma vez.Annahttp://www.blogger.com/profile/13577296976883887215noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5107300831879135270.post-2882249078888367082009-04-08T15:00:00.002-03:002009-04-08T15:06:35.311-03:00Lá pelos vinte anosTravessa, da Ouvidor. Meus olhos se perdem pelas bancadas repletas de livros. Tabucchi, Tezza, Safran Foer. Todos eles representantes dos meus vinte anos. Quando eu tinha vinte anos vinha ao Centro de havaianas, devorava livros, descobria a Lapa, dava os primeiros tragos, aprendia a andar de metrô e me arriscava por Santa Teresa. E agora, bem agora que eu volto ao Centro, os livros estão de novo em cima da bancada. Até Chico Buarque lançou um novo título – Budapeste é de quando eu tinha vinte anos. E a rua vai ganhando esse ar de lembrança. E o Metrô traz memórias. Ainda olho atenta as portas que se abrem na estação do Flamengo. O saxofonista da Carioca ainda toca os mesmos acordes, mesmo que o Largo esteja muito estranho sem os livreiros, pintores de retratos e vendedores de bugigangas. Ando pelo Centro como se tivesse vinte anos. Talvez o tempo seja mesmo um círculo fechado sobre si mesmo, repetindo-se de forma precisa, infinitamente. Talvez o tempo seja como um cursor de água, ocasionalmente desviado por algum detrito, por uma brisa que passa, e de vez em quando, algum distúrbio cósmico faça com que um riacho de tempo se afaste do leito principal para encontrá-lo rio acima; e quando isso acontece, faz com que pássaros, terra, pessoas sejam apanhadas no braço que se desviou e repentinamente transportadas para o passado. Isto é idéia do físico Alan Lightman, autor das Sonhos de Einstein, e talvez seja o meu caso.Annahttp://www.blogger.com/profile/13577296976883887215noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5107300831879135270.post-77477285875078617102009-03-25T17:41:00.001-03:002009-03-25T17:41:46.760-03:00Her Morning Elegance, de Oren Lavie<div xmlns='http://www.w3.org/1999/xhtml'><p><object height='350' width='425'><param value='http://youtube.com/v/2_HXUhShhmY' name='movie'/><embed height='350' width='425' type='application/x-shockwave-flash' src='http://youtube.com/v/2_HXUhShhmY'/></object></p></div>Annahttp://www.blogger.com/profile/13577296976883887215noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5107300831879135270.post-78603758021933925692009-03-16T23:47:00.004-03:002009-03-17T13:27:48.493-03:00Double cheeseburguer pra viagemDizer eu te amo é tão banal quanto pedir um cheeseburguer.<br />Aqui dentro sou uma fábrica de cheeseburguer.<br />Double cheeseburguer, digo na soleira da porta.<br />Cheeseburguer ao cubo, no téte-a-téte.<br />Uma loja de cheeseburguer padronizada em cada bairro da cidade.<br />Cheesebuguer com queijo escorrendo pela borda do pão.<br />No abraço, eu tenho o monopólio da produção mundial de cheeseburguer.Annahttp://www.blogger.com/profile/13577296976883887215noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5107300831879135270.post-54045294792445533202009-03-16T23:37:00.002-03:002009-03-16T23:47:33.314-03:00Um tipo de loucura qualquerFilhos que andam por aí fantasiados<br />Uma fada correndo pelo shopping<br />Um homem aranha de três anos<br />unhas azuis nos dedos da mão, da mãe<br /><br />Quero me fantasiar de adolescente,e sonhar com filhos<br />crianças que falam sem parar, correndo<br />boca suja de chocolate.<br />Nunca é cedo demais para chocolate.Annahttp://www.blogger.com/profile/13577296976883887215noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5107300831879135270.post-9300114571077614932009-03-11T11:45:00.002-03:002009-03-11T12:00:43.588-03:00Da ilustraçãoO desenho de Luiza Pannunzio que ilustra o conto O Forasteiro que aprisionava as almas, escrito por Ana Miranda, para a revista Bravo! deste mês, me deu vontade de arrancar a página e mandar colocar moldura. Me deu também vontade de escrever - coisa tão rara nestes tempos que até dá um aperto aqui dentro do peito. É que enquanto o pescador sonha com uma chuva de anzóis e o bolso da camisa repleto de iscas, a menina de vestido de bolinhas e pé de pato foge do jacaré. Sem aceitar ajuda, nada sob os anzóis que caem do céu, tão ágil quanto uma tartaruga. A menina aproveita para pensar na vida enquanto se afoga. É que fizera um estoque de ovos e passara boa parte do tempo pisando neles.Annahttp://www.blogger.com/profile/13577296976883887215noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5107300831879135270.post-43374718894477970572009-02-23T02:53:00.001-03:002009-02-23T02:57:23.062-03:00Deixa o verão para mais tardeDa janela do ônibus a cidade ganha outras formas. O Rio é uma grande avenida. Bailarinas tornam-se equilibristas, inebriadas tentam aguentar o peso do próprio corpo ao procurar sem sucesso apoio no ombro de palhaços que tropeçam nos próprios sapatos. Gargalhadas ecoam nas esquinas. A columbina aguarda a chegada do pierrô, mágico de peruca rosa. Vem meu amor, vem ver a banda passar. Esse ano eu não vou de marinheiro, nem de pirata. Esse ano eu vou assistir de camarote. Deixa o verão para mais tarde. A caixa de fantasias jaz intacta. Ali tem tapa olho de pirata, pulseira de cigana, chapéu de cowboy. Tem colar de havaiana, cartola de purpurina, confete, serpentina. Tem notas de um samba não cantado neste domingo de carnaval.Annahttp://www.blogger.com/profile/13577296976883887215noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5107300831879135270.post-21088961140628128332009-02-14T21:31:00.001-02:002009-02-14T21:34:34.447-02:00SuspiraTudo em branco. Até que a nova caneta de pena - réplica idêntica a usada por Shakespeare - riscou a folha. A tinta manchou o dedo do meio e, como no naquele filme que ela esquecera o nome, já não havia mais como esconder que era escritora, ou fora. Um dia qualquer, quando as palavras surgiam com mais facilidade e a angústia morava no peito, fora escritora. Desta vez ela somente assinara seu nome. Afirmação. A pena era fora de época. Utensílio de outro século.<br /><br />A mancha preta de tinta no papel, a mariposa no azulejo, o borrão na mente branca. O fim da clareza. A gente enterra o amor pensando que ele nunca mais vai aparecer. Até que chega o dia onde todas as palavras ganham sentido. E o borrão se espalha. E branco nunca mais é branco. Horizonte e ar ganham formas humanas. O outro é tudo que é preciso para respirar.Annahttp://www.blogger.com/profile/13577296976883887215noreply@blogger.com3