quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Rising Star

Eu sempre li mais que do que dancei, sempre escrevi mais do que cantei. A culpa é da Aline. Aline é minha prima, filha do irmão do meu pai. Desde que aprendi a andar, talvez até mesmo um pouco antes disso, o engatinhado da Aline já tinha um rebolado. A Aline nasceu como uma coisa, uma cor de pele mais morena, uns cachos bonitos e, mais do que isso, um requebrado que sei lá. Se um dia quiserem estabelecer a imagem de uma brasileira no sentido mais esteriotipado da palavra, podem usar uma foto da Aline. Então não tinha outra, se era final de semana, se os primos estavam todos na casa da minha vó Marisa, tinha show da Aline. Da Aline e da Carol. Carol era eu. Uma menina branquinha, de cabelo liso escorrido, assim, meio sem graça, e sem ritmo. Aí a Aline me colocava para dançar. A brincadeira era a seguinte: a Aline era a Xuxa e eu era a Paquita. Às vezes tinha a Paula também, outra prima, que fazia dupla comigo de vez em quando. A Aline ficava na frente, segurando o microfone, e eu e a Paula atrás, tímidas, praticamente dançando ula-ula. E dá-lhe playback – de Diana Krall a Daniela Mercury.

Isso tudo é para explicar que no fundo eu sou e sempre fui uma artista frustrada. Não sei tocar nenhum instrumento, não afino nenhuma nota, e na hora de falar em público eu meio que congelo. A primeira fez que eu vi a Binki Shapiro no palco, uma luzinha acendeu dentro de mim. Na boa, se aquela menina podia ficar ali sentada num banquinho, linda, só chacoalhando um chocalho, e ainda tirando onda de artista, eu também podia – depois me explicaram que o chocalho é difícil pacas, mas não vem ao caso agora, o que importa é a luzinha acendeu e eu senti que aquele momento era o primeiro brilho de uma estrela.

>Muitos Litlle Joys, Killers, Franz Ferdinands e Keanes depois eu descobri algo que transformaria a minha fagulha estrelar em cometa Halley: Rock Band e Guitar Hero. Não é a toa que os jogos eletrônicos venderam milhares de exemplares em tempo recorde. Eu não só consegui tocar uma guitarra, como cantei e ainda me senti uma super star. A minha sorte, e dos meus vizinhos, é que eu não tenho o jogo, porque se tivesse ia ficar tocando clássicos do rock`n roll a noite inteira. Sem falar na roupinha rock star que eu ia descolar. E pensando bem, a mesa da sala bem que daria um bom palco. Quem sabe eu chamo a Aline para backing vocal...

6 comentários:

zicorei disse...

o máximo essa recordações! Mas essa estória (sem "h" mesmo) de "sem graça" não concordo!
:))
Vamos cantar e tocar muitas músicas. Muitas e muitas vezes binki!!!
bj

coisasqueeunaosei disse...

vc me Ah, sabe que até me emocionei com a lembrança? Bons tempos em que dançavámos por aí... E o importante, no final das contas nem era dançar direito, era apenas dançar! Do jeito que quiser, na hora que quiser, fazia (e faz) bem à alma...Saudades sempre!!!
Mas comentários à parte, morri de rir...E olha,e stou aguardando ansiosa o convite pra ser sua backing vocal!

Anônimo disse...

Hehehe. Muito divertido, não? Vamos ter que fazer que nem as bandas profissionais e agendar ensaios regulares no nosso estúdio!

Secret du jour devidamente acrescentado aos bookmarks. :)

Bjs,
P

Nanda disse...

Sensacional! Saudades....

Unknown disse...

Quanta saudade das minhas netas queridas!!Que bom ter lembranças tão alegres para recordar!!
Beijos da Vó Marisa.
PS.:Não fiquei muito à vontade,essa é a primeira vez que escrevo num computador!

Pedro Lago disse...

Olha a Anna C aí de volta!
:-)