Ser arqueóloga era a primeira opção para quando crescesse. Para as brincadeiras no jardim também. Depois veio fase da arquitetura. Passava horas e horas desenhando plantas do apartamento ideal, onde moraria quando fosse grande. No dia em que descobriu que seria bom ganhar algum dinheiro e ser independente, decidiu ser advogada. Quatro anos depois, faculdade no fim, prateleiras completas de jurisdição, resolveu que queria mesmo era escrever para sempre. As decisões começaram a ficar cada vez mais complexas e, prevendo o fracasso de ser escritora, optou por ser editora. Na dúvida pelo curso ideal, foi ser jornalista. Descobriu as pessoas, se apaixonou pela cidade, contaminou-se pela adrenalina. Esqueceu que um dia desejou andar pelo mundo desvendando histórias antepassadas. Parou de se preocupar com o sonho da casa ideal. Apagou da memória os dias em que se sentiu adulta andando pelo Centro de tailleur. Aguardou com saudades as histórias que leu, as orelhas que escreveu e os livros que ajudou a publicar. A gaveta ficou cheia de reportagens assinadas por ela, alguns personagens foram eternizados pelas palavras dela, e só para ela. Percebeu que havia finalmente crescido, mas que ainda não podia ficar em pé com as próprias pernas. As reportagens não trouxeram conhecimentos como a arqueologia trazeria. A busca pela palavra ideal não era pilar estruturado o suficiente para que tivesse sua própria casa. As armas da imprensa não vinham acompanhadas do sálario fornecido pela justiça. A linguagem seca e jornalistica a fez perder a fantasia necessária para o grande romance, entedeu que precisava ainda de muito mais para ser editora. Quando finalmente cresceu, o jornalismo a abandonou. Agora, antecipa o sentimento de não saber o que fazer com tanto tempo livre.
Delícias do dia: Sentir a serotonina atuando no organismo ao som de Franz Fernidand e querer corre cada vez mais rápido; amendoim com coca-cola; barulho da chuva; calça de moleton; e o melhor de tudo: dois novos travesseiros de pena de ganso. Só faltou aquele abraço.
Um comentário:
Deixa eu te dizer minha trajetória:
Fiz vestibular para Fisiotearapia porque sabia fazer massagem bem (!), larguei no primeiro período e fui fazer Comunicação, optei por Publicidade (hoje me arrependo, deveria ter ido pro Jornalismo), larguei no quinto e fui fazer Marketing, onde me formei. Fui para área de Produção Cultural, onde me encontro e estudo teatro.
Um dia entenderei que isso tudo foi pro meu bem, espero.
:-)
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