sexta-feira, 14 de março de 2008
Se tá na chuva é pra se molhar
Aceitou o convite. Tomou a caipirinha de limão. Acendeu um, dois, três cigarros. Mastigou o chiclete de hortelã. Sorriu durante a conversa. Pediu a conta. Viu o temporal. Voltou para a mesa. Outra caipirinha. Um, dois, três cigarros. A conta por favor, desta vez é sério. Entrou pelos bastidores. Conversa pra lá, conversa pra cá. Só percebeu a banda estava ao seu lado quando ele disse: “Ih, olha os caras aí”. Foi mais blasé que o próprio grupo conhecido como tal. Fingiu saber cantar as músicas. Fingiu dançar. Gostou de fingir. Seus corpos esbarravam um no outro durante toda a encenação. O cara aqui atrás ta querendo saber se você é minha namorada. E o que você disse? Sorriso de lado, cara de sem resposta. Dançou de alegria. O cara aqui atrás ta me cutucando. Por que? É um gesto meio ou vai, ou racha. Quer sair daqui? Se importa se formos mais para lá? Ta fugindo, né? To. Paspalhão. Paspalhão é uma boa palavra porque soa redonda na boca e identifica sem erro a atitude desse tipo de homem, quer dizer, garoto, porque homem não fica parado com a bola no pé na frente do gol sem goleiro. Enfim. Goteiras pra lá, goteiras pra cá. Show sem carisma. O público não saiu do chão. A galera não cantou em coro. Intervalo por problemas técnicos. Ainda bem que o convite foi de graça. Paspalho, espantalho sem atitude. As luzes clareiam. Acende um cigarro. Procissão pra sair da Fundição. Maré de água marrom e xixi de rato. Riscos de leptospirose. Estacionamento é sinônimo de ilha urbana. Carrinho de mão para levar papel vira charrete para pessoas. Se liga na promoção: solteiro é três, casal é cinco. É a única maneira segura de atravessar o rio, a não ser que vocês esteja acompanhada de um homem de verdade, pra chamar de seu, que pega no colo e heroicamente enfrenta correnteza. Bando de paspalhos. E aí dá um vazio...
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