"Ana me deixou e isto dói. Muito. O espetáculo poderia ser resumido nessa simples frase. Tudo o que é dito e o que acontece em cena é tão somente a ausência de Ana. Eu sem Ana. O texto é extraído do conto "Sem, Ana, Blues" em que Caio Fernando de Abreu pinta um retrato poético e doloroso de falta. Mas que falta é essa que Ana representa? No conto de Caio, trata-se de uma mulher que abandonou um homem. Mas, ainda que esse seja o seu significado primeiro, procuramos, na peça, trabalhar com outras possibilidades de leitura. A começar pelo fato do texto ser interpretado por uma atriz. Poderíamos, assim, estar falando de uma mulher que foi deixada por outra. Mas podemos pensar o sentido desta ausência para além da pessoa amada. A atriz em cena também se chama Ana. Portanto, Ana sem Ana. Uma pessoa que sente falta de uma parte sua que se foi com a partida de outra, do que ela era com essa outra pessoa. Ou então, tão somente a ausência de si mesmo. De uma parte nossa que ficou para trás simplesmente porque mudamos e deixamos de ser quem éramos, porque deixamos a nós mesmos. Ou ainda, Ana poderia representar a falta do que gostaríamos de ser, de ter, de viver. A ausência em si, porque sempre há algo faltando. Ana é o nosso eterno buraco. Porque por mais que Ana esteja com Ana, mesmo assim, e sempre, Ana estará sem Ana". (Ivan Sugahara)
Eu estou ficando sem Anna, e isso me assusta imensamente. Medo de me perder no buraco. De afundar na minha profundidade. Nossa, como estou intensa e chata! Ainda bem que você me entende e sabe que metade dessas palavras são drama, puro drama. Meu padastro me qualifica de "Terrorista", isso quando não me chama de "Meu nome é Cultura". Isso que dá nascer na família errada. Oh well, é Caio Fernando Abreu sem Ana.
"Quando Ana me deixou - Essa frase ficou na minha cabeça, de dois jeitos - e depois que Ana me deixou. Sei que não é exatamente uma frase, só um começo de frase, mas foi o que ficou na minha cabeça. Eu pensava assim: Quando Ana me deixou - e essa não-continuação era aúnica espécie de continuação que vinha. Entre aquele quando e aquele depois, não havia nada mais na minha cabeça nem na minha vida além do espaço em branco deixado pela ausência de Ana, embora eu pudesse preenchê-lo - esse espaço branco sem Ana - de muitas formas, tantas quantas quisesse, com palavras ou ações. Ou não-palavras e não-ações, porque o silêncio e a imobilidade foram dois dos jeitos menos dolorosos que encontrei, naquele tempo, para ocupar meus dias, meu apartamento, minha cama, meus passeios, meus jantares, meus pensamentos, minhas trepadas e todas essas outras coisas que formam uma vida com ou sem alguém como Ana dentro dela". (CFA)
Estou me perdendo de mim mesma e com muito medo do que está por vir. Estou abandonando Anna. Como será a nova Anna? Certa vez te disse que não me conhecia, que tinha medo de me envolver porque não me conhecia. Temo o conhecimento e o envolvimento que poderá vir com ele. Eu não quero me entregar. Tenho medo do que posso ser nas mãos de outro. Gosto do controle, por mais que muitas vezes o perca de vez - ainda bem que esses momentos só duram alguns segundos.
Tenho um buraco de angústia no peito. Parece um rodamoinho de vida.
3 comentários:
em algum momento, todo mundo acaba se questionando tanto sobre a ausencia de "ana" ne..
gostei muito disso que li!
e qt a cara de musica.. sou totalmente lesada nesse aspecto. nem encontro ritmo hehe.
nao conheço nignuem desse meio, if you do, i´d appreciate!!
beijos beijos braile!
tirando os comentários do seu padastro (totalmente desnecessários) adorei esse texto.
principalmente a parte do "controle"
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