domingo, 28 de dezembro de 2008

Estranhos sinais

Acontecimentos muito estranhos se sucedem. Estivéssemos nós na virada do milênio, seria esta a explicação para tantas coincidências em tão curto espaço de tempo. Já que não é o caso, convém procurar outra desculpa. Vamos aos fatos:
Chove muito em dezembro. Desde que o magma da Terra esquentou, há mais de 3 mil anos, e as encostas cariocas foram criadas, nunca se viu nada igual. Verão sem sol. Areia molhada de água doce, mar com água escura. Muito mexido, alertam os surfistas. Culpa do vento e da água que cai do céu. Essa mesma água pinga no banco do meu carro. As janelas estão fechadas. Goteira. Pinganimim. Tem um furo no teto. Tem um buraco perto da luzinha que ascende quando a porta fica aberta. Por ali passa a água da chuva do verão - não confundir com chuva DE verão.
Muito estranho.
Vinte e quatro chopes. Cumé? Vinte e quatro chopes! Quem bebeu? Nós dois. Nós dois? Meio a meio. Jesus, eu bebo mesmo que nem homem… Deve ter sido isso. Isso o que? Isso que me fez descobrir que os meus dois acontecimentos mais importantes do ano nasceram no mesmo dia, mês, ano e hora. Isso mesmo, na mesma hora. Tivesse a mãe de um deles decidido parir no Brasil, e não no Canadá, eles seriam exemplares iguais de seres tão diferentes. A informação desceu quadrada junto com o último gole do chope final. O gole quente. Fosse possível juntar a afinidade intelectual que tenho com um, e a afinidade fundamental que tenho com o outro - vida, carinho, a segurança do abraço conhecido - estaria aí o ser ideal.
Muito estranho.
Almoço de domingo. Quatro sentados da mesa ao ar livre. A chuva deu uma folga, mas o céu continua cinza. Dezembro no Rio não é dourado, em 2008, o final do ano é cinza. Um passarinho faz cocô no meu braço. Êca, vou limpar. É sorte, os outros três entoam em coro. Sorte nada, vou limpar. Levanto, lavo, sento de novo. E a cena se repete. Como se não existisse tempo. Como se estivéssemos sempre encontrando as mesmas pessoas, os mesmos signos, a mesma merda de pássaro no braço.
Muito estranho.
Mistérios de dezembro chuvoso. Pequenos sinais alertam que o caminho é mesmo este.

2 comentários:

Pedro Lago disse...

http://pedrolago.blogspot.com/2008/07/poema-de-aniversrio.html

Anônimo disse...

Carol, matei saudade dos seus textos hoje!
Grande bj,
Jaq