sábado, 19 de janeiro de 2008

Nunca mais

É seu aniversário e eu acordei com vontade de chorar. Devo ter sonhado com você, mas não me lembro. Não me lembro mais de nada. A memória prega essas peças às vezes, na maioria delas por um bom motivo. Não quero mais lembrar que só te conheci porque te confundi com seu irmão. Não quero mais sentir o momento que nossos olhares se cruzaram, nem quero mais saber por onde você anda. Mas acordei pensando em você, no chopp em que eu não fui convidada, onde nem mesmo se fosse eu estaria. Acordei e o buraco estava maior. Nem as braçadas fortes na piscina, nem a respiração contada, nem a força dos raios do sol conseguiram tampar a angústia de estar sem você. Ou de estar sozinha. As duas coisas se confundem. Me perdi do antigo eu e não sei mais por onde achar o novo. Não gosto do que vejo. Não gosto do desejo. Não quero te encontrar. Nunca mais. Acredita em mim, NUN-CA-MA-IS.
Já faz tanto tempo. Tanto tempo que tudo. Tanto tempo que nada. Tanto tempo que eu não me sinto eu. Eu não queria que me mostrassem aquelas fotografias. Eu não queria parar do seu lado no sinal, nem do lado do seu pai no dia seguinte, nem ter que ligar pro seu irmão no outro, nem ouvir meus (seus) amigos falarem da sua nova namorada. Eu não queria que fosse seu aniversário, nem saber aonde você comemorou, nem até que horas durou, nem o que você está fazendo hoje. Eu te esqueci. Acedita em mim, EU-TE-ES-QUE-CI.
Você me persegue e eu culpo a solidão. Eu culpo a ausência, não tua, mas a minha. A minha ausência na vida real atrai o seu fantasma. O meu medo de me olhar no espelho atrai a sua imagem. E nem a respiração contada, nem pernada de peito, nem posição de cachorro de cabeça pra baixo te espantam.
Por isso eu vou sair, vou dançar, vou beber e vou fingir que estou feliz. Mais uma vez. E amanhã também. E depois, e depois, e depois. Até o carnaval chegar e arruinar a minha fantasia. Porque a gente vai se encontrar numa esquina qualquer. Os dois meio pra lá, meio cá, meio sem saber o que fazer. Vamos nos evitar, você vai me abraçar, eu não vou conseguir olhar no seu rosto. Vou fingir um sorriso e você vai acreditar. ELa vai chegar perto e você vai ter que ir. Os dois vão juntos. Você sem nunca saber que eu tremi, que meu coração bateu muito forte, que eu passei o ano fugindo de você. Porque antes de dormir, o meu único desejo é não te encontrar. Acredita em mim: TO-DOS-OS-DIAS-EU-DE-SE-JO-NÂO-TE-EN-CON-TRAR. Mais aí vem o carnaval e estraga tudo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Adorei!!

alias..muito bons posts daqui abaixo..

parabens!

beijoss