domingo, 27 de julho de 2008

El portunhol selvagem

Domador de Jacaré olhou nos olhos do Céu de Maracujá e disse: “El sentido normal de las palabras no le hace bien al poema”

Na fronteira entre Brasil, Bolívia e Paraguai, 11 mil pessoas falam uma língua que mais parece um poema: El Portunhol Selvagem. Mistura de português, espanhol e guarani, o novo idioma pode ser considerado o mais democrático da América do Sul. Cada pessoa fala, escreve e pensa seu próprio portunhol. Segundo reportagem no caderno Idéias, no JB, até o poeta Manoel de Barros enviou à comunidade uma carta de próprio punho autorizando a transposição de toda sua obra para o idioma. A Mariana Filgueiras, repórter que escreveu o texto, grande companheira de risadas na redação e minha gêmea astrológica - ela também é peixes com escorpião e lua em sagitário - esteve pessoalmente em San Bernardino, a 35 quilômetros de Assunção, para acompanhar o evento chamado Kapital Mundial de la Ficción, uma reunião de gente que escreve e traduz el portunhol selvagem. A Mari me trouxe de presente histórias contadas com o brilho nos olhos de quem viu de perto um movimento que quem vive aqui nem sonha, causos de gente cuja o nome significa “céu de maracujá” e “domador de jacaré”, frases de um idioma onde a palavra preguiça não está no vocabulário. Em portunhol selvagem preguiça equivaleria a “vento do outono”, um vento morno que sopra devagar. Mas a Mari me trouxe também um livro em cartonera - “Tapa hecha com cartón comprado en la via pública de Asunción (Paraguay) a G$ 1000 el kilo y pintada a mano por El Domador de Yakarés nel Outono del 2008 nel taller de Yiyi Yambo” - do escritor paraguaio Edgar Pou. O título é Pombero Tamaguxi. Segue o poema “Tesarai“:

Fueras tú la que espera
Al final de la cuerva del beso del ácido
Traspasados los pechos por una sed furibunda
Estallara la asfixia retórica que precede al grito
La luna lavada de silencio si fuera noche
La humareda de smog si fuera día
Non se trata de agorafobia
Soledad uñas fiebre
Horizonte palideciendo
Nightmares
Al encuentro de algo como encerrado
(un niño que no puedes ver)
O una mordida fulmínea en un puño
Donde patalea una sonriza
Y la tarde envenenara la doble avenida del antes y el
después
Y la tarde olvidara cerrar los ojos inútiles de las flores
La tarde para morir sin que te arranquen tu secreto
No sé de que trata la película
Y
Aunque no fueras tú la que espera
Al final deal zarpaso amniótico del sueño
Acurrucada en la luz de mil dientes de léon sin soplar
Te encontraré y solo ahí sabremos
Para que te he buscado tanto Sharón Tate…

Nenhum comentário: