A sua mão sente a falta da minha?
Sente.
Falta.
Eu.
A sua mão sente a falta da minha?
O tempo foi e me deixou aqui sozinha. O espelho refletiu as veias da minha mão. Quando via a minha prima tocar piano, achava que o mais bonito eram as veias da mão pulando ao som de cada nota. As mãos magras e brancas. As veias, a vida que pulsava dentro dela. 26 anos de vida, e eu achava as veias dela lindas. E o tempo foi. Andou. Correu pelo caminho. E eu tinha, e tenho tanto a fazer. E as veias. As veias pulsam aqui. E o tempo foi. E eu caminho. Eu ando pelo tempo. Eu corro no tempo. E as coisas passam. Eu flutuo. Eu pairo sob o correr do tempo. E olho estarrecida o fim de tarde na Lagoa. A chuva de folhas do lado de fora do vidro. A força do vento. Eu sinto estarrecida a força do vento. As veias da minha mão vibram com a força. Força. Força. Força.
A sua mão sente a falta da minha?
O tempo passa. Os corpos ficam aqui. A pele fica aqui. Aqui. As veias pulsam aqui. Por mais que o tempo corra, por mais que tempo gire, por mais que o vento rodopie num furacão de folhas secas, as veias pulsam aqui. Aqui, onde os corpos ficam secos. Uma folha seca que flutua ao vento da tarde. Terral. O vento terral. Aqui a força terral faz o tempo passar. A pele seca. O corpo fica aqui.
Sente.
O corpo.
Sente.
Falta.
O seu corpo sente a falta do meu corpo?
A sua mão sente a falta da minha?
O tempo passa.
É aqui que a veia pulsa.
Anda logo, o tempo passa.
Se a sua mão sente falta da minha,
Segura.
Força.
Segura, senão o tempo passa.
3 comentários:
Achei lindo esse texto!Tenho um amigo que diz que vivemos num plano mental. Nos comunicamos mentalmente sim! Estarei aqui mandando boas vibrações pra vc!Estou quase boa!Grande bj e força aí!!jaq
amei...
é incrivel sua maneira de escrever, sensivel, forte, tudo ao mesmo tempo.
palmas, palmas, palmas, de pé!
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