Carne viva não cabe, aqui
Lateja, ainda.
Ter comprometimento com a palavra é saber medir a dimensão do impacto. De filosofia barata, já basta o resto do mundo. Exagerado, foi Cazuza. Cheio de amor inventado.
No fundo desta baía, o mundo é tão real que vira sonho
- Imagens dignas de Tim Walker.
Orelha é porta de serviço da alma
- Já que a da frente são os olhos.
Palavra no tímpano,
Onda, eco
do lado de dentro.
Pela entrada social,
só com a senha secreta
rodamoinho,
buraco negro,
infinito azul,
possibilidades
ao quadrado
escondidas.
Palavras sussurradas levam ao mesmo lugar,
sem tanta classe, mas chegam
e tocam e perdem-se
no universo sem fim
daqui.
O estômago impede,
ainda. Sentir, viver, pulsar
na veia. Pagar, para ver.
O caminho comum não tem mistério, mas
Pegar o desvio, estrada de terra batida, dá frio na espinha.
Se a sola toca o chão, o peso da rua entra.
Para flutuar, o segredo é o encaixe das mãos,
Pares perfeitos, protegem.
Sem o outro por perto,
A terra vira asfalto,
Cinza, queima, o pé.
Felicidade em pílula só serve para rastrear sentimentos - que los hay, los hay.
Paris é logo ali.
O céu é perto, quando se flutua
- dessa parte eu já contei o segredo
Se a sola toca a nuvem, o peso do mundo sai.
Mas agora foi.
Palavras cuspidas têm força de pedra.
Sem proteção, afundam no oceano.
Não me venha dizer-se submerso no mar, se ainda não aprendeu a respirar debaixo d’água. Não me venha falar sobre o melhor do ano, se um passo é o suficiente para que você o deixe partir. O resto do mundo faz nas coxas. Eu faço na veia. Tentei caminhar no raso, mas fui peixe fora d’água. Pertenço a águas profundas. E não me diga que gostas, se não fosse ao contrário, não me deixaria escapar por entre os dedos - da mão que encaixa perfeita na minha.
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