quarta-feira, 13 de agosto de 2008
Se eu pedir, você vem?
O que aconteceu com a noite, que o dia já apagou? Para onde correram as horas, que o meu corpo não sentiu o cansaço de tantos dedos no teclado, seguidos por palavras pintando de preto o fundo branco da tela? Por que continuo dizendo que hoje é hoje, se hoje já é amanhã? O que deu em mim que eu não pedi o abraço? Será que os meus olhos ardem de tanto tempo sem fechar, ou será que dói atrás do globo ocular porque eles não aguentam nem piscar? O que é mais viciante, a escrita ou a leitura? Para onde foi a paciência de ver televisão? Mesmo estando aqui escondida, só me vê mesmo quem eu quero? Não é meio misterioso que eu me sinta tão invisível? Mas por que não me enxergou se eu olhei dentro dos olhos? Será que os meus olhos estavam muito profundos? Ou era a minha parte de dentro mesmo? A noite de anteontem não acaba nunca mais? Ninguém vai me achar no meu esconderijo? O que acontece se a gente fugir do trabalho? Por que quando eu comecei a escrever eram dez horas da noite, aí já eram duas e meia? Aonde já se viu amanhecer às duas e meia? Será que o tempo mudou de lugar? Ou foi o espaço que quebrou? São seis e meia? Como pode o dia começar se eu ainda nem fechei os olhos? Como eu vim parar aqui no trabalho de novo? Se eu pedir você vem comigo? Nem se tiver calça de moletom, coberta acolchoada e escurinho? Porque os livros não tem luz própria como o computador? Ou será que é o contrário? E se alguém pegar a minha chave? Aquela é mesmo a porta do meu esconderijo? Você não sabe como abrir? O que é mais triste, não saber ou não conseguir? Por que você não confia? É por que pensa demais? Ou por que eu pergunto muito? Por que isso parece tudo muito bobo? Posso pedir aquele abraço agora?
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