terça-feira, 27 de outubro de 2009

Striptease*

*com trechos e ideias de Fernando Pessoa, Mario Quintana e Maria Resende

Vamos tirar a roupa. Juntos. Peça por peça. Prometo deixar você me conhecer. Prometo ser sua amiga e sua amante. Prometo te apoiar a cada instante. Prometo não deixar a paixão fazer de mim uma pessoa controladora, respeitar a sua individualidade e lembrar que você não me pertence, mas que está ao meu lado por vontade própria. Prometo não falar mal de você só para conseguir risadas dos outros.

Vamos tirar a roupa. Até que, nus, estejamos devidamente preparados para a celebração. Só um olhar sincero basta. Não precisa bolo, não precisa roupa, pode ser no padre, no juiz ou só no banco, porque o sim mora dentro da felicidade dos dias.

Vamos, com coragem, tirar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares.

Vamos tirar a roupa. Juntos. Eu desabotôo a sua camisa. Você tira a minha blusa. Vamos, peça por peça, como fizemos pela primeira vez - e já faz tantos anos. Você segura a minha mão. E, mesmo assim, não deixaremos que a palavra liberdade seja menos importante em nossas vidas do que é hoje. É tempo de travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.

Vamos tirar a roupa. Prometo fazer sexo sem pudores. E filhos por amor e vontade, e não porque é o que esperam de mim. Prometo sempre me responsabilizar por mim mesma e saber sempre lidar com a minha própria solidão, sentimento que casamento nenhum elimina. E depois disso tudo, prometo fazer da passagem dos nossos anos uma vida de amadurecimento e não uma via de cobranças e sonhos idealizados que não chegaram a se concretizar.

Vamos sabendo que somos felizes sozinhos, mas muito mais felizes juntos.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Rising Star

Eu sempre li mais que do que dancei, sempre escrevi mais do que cantei. A culpa é da Aline. Aline é minha prima, filha do irmão do meu pai. Desde que aprendi a andar, talvez até mesmo um pouco antes disso, o engatinhado da Aline já tinha um rebolado. A Aline nasceu como uma coisa, uma cor de pele mais morena, uns cachos bonitos e, mais do que isso, um requebrado que sei lá. Se um dia quiserem estabelecer a imagem de uma brasileira no sentido mais esteriotipado da palavra, podem usar uma foto da Aline. Então não tinha outra, se era final de semana, se os primos estavam todos na casa da minha vó Marisa, tinha show da Aline. Da Aline e da Carol. Carol era eu. Uma menina branquinha, de cabelo liso escorrido, assim, meio sem graça, e sem ritmo. Aí a Aline me colocava para dançar. A brincadeira era a seguinte: a Aline era a Xuxa e eu era a Paquita. Às vezes tinha a Paula também, outra prima, que fazia dupla comigo de vez em quando. A Aline ficava na frente, segurando o microfone, e eu e a Paula atrás, tímidas, praticamente dançando ula-ula. E dá-lhe playback – de Diana Krall a Daniela Mercury.

Isso tudo é para explicar que no fundo eu sou e sempre fui uma artista frustrada. Não sei tocar nenhum instrumento, não afino nenhuma nota, e na hora de falar em público eu meio que congelo. A primeira fez que eu vi a Binki Shapiro no palco, uma luzinha acendeu dentro de mim. Na boa, se aquela menina podia ficar ali sentada num banquinho, linda, só chacoalhando um chocalho, e ainda tirando onda de artista, eu também podia – depois me explicaram que o chocalho é difícil pacas, mas não vem ao caso agora, o que importa é a luzinha acendeu e eu senti que aquele momento era o primeiro brilho de uma estrela.

>Muitos Litlle Joys, Killers, Franz Ferdinands e Keanes depois eu descobri algo que transformaria a minha fagulha estrelar em cometa Halley: Rock Band e Guitar Hero. Não é a toa que os jogos eletrônicos venderam milhares de exemplares em tempo recorde. Eu não só consegui tocar uma guitarra, como cantei e ainda me senti uma super star. A minha sorte, e dos meus vizinhos, é que eu não tenho o jogo, porque se tivesse ia ficar tocando clássicos do rock`n roll a noite inteira. Sem falar na roupinha rock star que eu ia descolar. E pensando bem, a mesa da sala bem que daria um bom palco. Quem sabe eu chamo a Aline para backing vocal...

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Fagulhas - de Ana Cristina César

Eu sei que texto dos outros não vale, mas é tão lindo...


Abri curiosa o céu. Assim, afastando de leve as cortinas. Eu queria rir, chorar,
ou pelo menos sorrir, com a mesma leveza com que os ares me beijavam.
Eu queria entrar, coração ante coração, inteiriça, ou pelo menos mover-me um pouco, com aquela parcimônia que caracterizava as agitações me chamando.

Eu queria até mesmo saber ver, e num movimento redondo como as ondas
que me circundavam, invisíveis, abraçar com as retinas cada pedacinho de matéria viva.

Eu queria (só) perceber o invislumbrável no levíssimo que sobrevoava.

Eu queria apanhar uma braçada do infinito em luz que a mim se misturava.

Eu queria captar o impercebido nos momentos mínimos do espaço nu e cheio.

Eu queria ao menos manter descerradas as cortinas na impossibilidade de tangê-las.

Eu não sabia que virar pelo avesso era uma experiência mortal.


segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Minha pergunta para mim

Anna, por que você começou a escrever esse blog?

Há em mim algo de desconhecido. Um lado meio escondido, esquecido, povoado de sonhos, idealizações, cheio de desejos reprimidos. Um lugar lá no fundão de mim mesma. Escrever é entrar um pouco em contato com esse lugar. O problema é que é muito dificil olhar para dentro quando há tanta coisa boa do lado de fora. A felicidade seduz. O lado de dentro sempro funcionou como uma fuga do mundo real. Agora, tenho que arrumar novos motivos para visitá-lo.

domingo, 2 de agosto de 2009

Bravo!

“Teve um dia em que achei até um bilhete, amor com rasura e que não segue linha de folha pautada, mas foi realmente dessas coisas que não devem acontecer uma segunda vez” ponto final

Copiei as palavras da escritora Carol Bensimon - do texto Queda, publicado na sessão de ficção inédita da Bravo!, de agosto - esperando que elas funcionassem como um túnel, uma passagem a algum lugar cheio de palavras, sentidos, frases completas que diriam aquilo que há tempos não consigo dizer. Mas se eu fosse Carol, se eu conhecesse a Carol, ia dizer para ela escrever meio diferente.

“Teve um dia em que achei até um bilhete. Era amor com rasura, daquelas que não seguem linha de folha pautada. Mas foi realmente uma dessas coisas que acontecem apenas uma vez”.

Mas não conheço Carol, nem tenho intimidade com as palavras - minhas e dela. Naquela tarde de domingo, em silêncio, li Carol falando sobre a morte, em como há algo tão estúpido no fato de um livro durar mais do que uma pessoa, em como as coisas se transformam, até se tornarem partículas infinitas num universo sem tempo e espaço.

“Antonia vai virar outras coisas, porque outras coisas viraram Antonia antes, mas o que interessa ter restos de estrelas nos ossos ou ir para o fundo do mar na forma de partículas invisíveis?”, ela diz.

Naquela tarde de domingo, mais uma vez, perdi as palavras.

terça-feira, 14 de julho de 2009

"É preciso aceitar ser finito: estar aqui e em nenhum outro lugar, fazer isto e não outra coisa, agora e não sempre ou nunca(...); ter apenas esta vida"

"Quando tudo tiver sido dito, tudo ainda ficará por dizer, sempre restará tudo a dizer"


André Gorz

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Feca,

Tenho a impressão que saí correndo pelo tempo. Imagina só, uma menina de cabelos castanhos, All Star desamarrado, correndo pelas memórias. No fundo, Brand New Start, do Little Joy. Na cara, um sorriso travado e a sensação de paz profunda. Está tudo assim, agora, travado num sorriso contínuo, guardado no abraço apertado, na corrida pelo tempo. Num momento estou no metrô em direção ao Centro, no outro, danço vestida de branco no jardim da minha casa, em um futuro próximo, e em seguida estou em uma daquelas festinhas que freqüentávamos ao quinze anos, de body e botas, ou cinto de tachas e jaquetinhas de couro, o que você preferir. Quem achava que eu era avoada e sonhadora, nem imagina os riscos que corro agora. Com todas essas viagens pelo tempo, corro perigo de me perder e nunca mais me encontrar. O que não é de todo mal, se eu me substituir por uma nova pessoa, mais objetiva, responsável, concentrada. Não, retiro o que eu disse, essa pessoa seria uma chata de galocha. Ainda bem que as pernas são roliças e não ficam nada bem nessas botas até o joelho. No inverno, cariocas usam botas até o joelho, acredite. Uma das coisas mais difíceis de estar junto é aprender a estar separado. Acho que é por isso que ando freqüentando muito o passado. Saudade também é um fator. Sei lá, eu queria mesmo que tivessem me dito antes que essa coisa de ficar noiva não é assim tão fácil. São muitos planos, e tenho passado uma boa parte do tempo no futuro. Imagino a festa, a casa, a rotina. Quando vejo estou entrando no banheiro masculino do shopping. Juro que aconteceu. Só percebi que o lugar era só para homem, quando um menininho me olhou com uma cara estranha ao sair da cabine, e o faxineiro tocou no meu ombro. Fiquei roxa de vergonha.

Apesar das andanças, a alma está bem mais sossegada. Falta até inspiração para escrever. Pode ser também falta de hábito. Já te contei que saí do JB? Trabalho agora numa nova produtora musical, voltada para o mercado independente. Um pouco estranho, se tratando de mim, né? A gente vai ficando mais velha e o fator salário começa mesmo a pesar, agora escrevo muito menos do que gostaria...

Fiquei feliz em ter notícias suas. Queria mesmo é que essa conversa fosse ao redor de uma mesa de madeira servida com uma daquelas macarronadas que só você prepara. Aliás, nem te conto a minha mais nova aptidão: estou aprendendo a cozinhar. Num desses finais de semana, eu e o Tom quase morremos depois de nos alimentarmos unicamente de pizza e cachorro quente. Se esse casamento for durar para sempre, é melhor alguém aprender a fazer alguma coisa na cozinha. Semana passada foi carne assada com batatas, essa semana foi peixe com cuscuz marroquino. Todas as terças, reúno a família na sala de jantar e faço deles minhas cobaias. É quase maligno...

Dê notícias, Feca, ando pelo tempo com saudades.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

A felicidade pode vir numa caixa

Eu tinha vinte e seis anos no dia em que ele colocou a caixinha em cima da mesa. A caixinha de papelão em cima da mesa redonda do bistrô vazio. Todos os meus sonhos dentro da caixinha de papelão naquela noite chuvosa. O resto da minha vida naquela noite chuvosa. Ele disse “não vai abrir?” e eu pedi um tempo. Só mais alguns minutos para observar todos os meus sonhos dentro da caixa. “A felicidade está ao alcance de todos”, eu disse certa vez a uma amiga. Estávamos dentro de uma grande loja de roupas a preços populares e ela acabara de me mostrar um anel de brilhantes de plástico. “Felicidade para você se resume em recebe um anel de brilhantes?”, ela perguntou. Caímos na gargalhada e a frase ficou grudada na minha cabeça. Não muito tempo depois, eu tomava vinho tinto em um bistrô vazio, numa noite chuvosa de abril, quando a caixinha foi posta sobre a mesa redonda. Eu queria ficar para sempre olhando a caixinha de papelão azul e branca. Sabia que aquela não era só mais uma caixa, que um anel não era felicidade, que ele não seria mais meu namorado. O segredo era o significado por trás do gesto. Naquela noite chuvosa de abril, uma caixinha de papelão era uma escolha de vida, o anel era um pedido de cumplicidade, ele era o homem com o qual eu passaria o resto da minha vida. E por isso eu relutei em abrir a caixa, na tentativa de aproveitar ao máximo aquilo tudo. Antes que ele ajoelhasse ao meu lado, antes que meus olhos enchessem de lágrimas, antes que ele perguntasse se eu não ia dizer que sim, antes que eu respondesse que ele não tinha pedido nada, antes que as palavras “você quer casar comigo?” saíssem da boca dele. Antes que fôssemos felizes para sempre. Por que momentos como aquele, só acontecem uma vez.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Lá pelos vinte anos

Travessa, da Ouvidor. Meus olhos se perdem pelas bancadas repletas de livros. Tabucchi, Tezza, Safran Foer. Todos eles representantes dos meus vinte anos. Quando eu tinha vinte anos vinha ao Centro de havaianas, devorava livros, descobria a Lapa, dava os primeiros tragos, aprendia a andar de metrô e me arriscava por Santa Teresa. E agora, bem agora que eu volto ao Centro, os livros estão de novo em cima da bancada. Até Chico Buarque lançou um novo título – Budapeste é de quando eu tinha vinte anos. E a rua vai ganhando esse ar de lembrança. E o Metrô traz memórias. Ainda olho atenta as portas que se abrem na estação do Flamengo. O saxofonista da Carioca ainda toca os mesmos acordes, mesmo que o Largo esteja muito estranho sem os livreiros, pintores de retratos e vendedores de bugigangas. Ando pelo Centro como se tivesse vinte anos. Talvez o tempo seja mesmo um círculo fechado sobre si mesmo, repetindo-se de forma precisa, infinitamente. Talvez o tempo seja como um cursor de água, ocasionalmente desviado por algum detrito, por uma brisa que passa, e de vez em quando, algum distúrbio cósmico faça com que um riacho de tempo se afaste do leito principal para encontrá-lo rio acima; e quando isso acontece, faz com que pássaros, terra, pessoas sejam apanhadas no braço que se desviou e repentinamente transportadas para o passado. Isto é idéia do físico Alan Lightman, autor das Sonhos de Einstein, e talvez seja o meu caso.

quarta-feira, 25 de março de 2009

segunda-feira, 16 de março de 2009

Double cheeseburguer pra viagem

Dizer eu te amo é tão banal quanto pedir um cheeseburguer.
Aqui dentro sou uma fábrica de cheeseburguer.
Double cheeseburguer, digo na soleira da porta.
Cheeseburguer ao cubo, no téte-a-téte.
Uma loja de cheeseburguer padronizada em cada bairro da cidade.
Cheesebuguer com queijo escorrendo pela borda do pão.
No abraço, eu tenho o monopólio da produção mundial de cheeseburguer.

Um tipo de loucura qualquer

Filhos que andam por aí fantasiados
Uma fada correndo pelo shopping
Um homem aranha de três anos
unhas azuis nos dedos da mão, da mãe

Quero me fantasiar de adolescente,e sonhar com filhos
crianças que falam sem parar, correndo
boca suja de chocolate.
Nunca é cedo demais para chocolate.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Da ilustração

O desenho de Luiza Pannunzio que ilustra o conto O Forasteiro que aprisionava as almas, escrito por Ana Miranda, para a revista Bravo! deste mês, me deu vontade de arrancar a página e mandar colocar moldura. Me deu também vontade de escrever - coisa tão rara nestes tempos que até dá um aperto aqui dentro do peito. É que enquanto o pescador sonha com uma chuva de anzóis e o bolso da camisa repleto de iscas, a menina de vestido de bolinhas e pé de pato foge do jacaré. Sem aceitar ajuda, nada sob os anzóis que caem do céu, tão ágil quanto uma tartaruga. A menina aproveita para pensar na vida enquanto se afoga. É que fizera um estoque de ovos e passara boa parte do tempo pisando neles.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Deixa o verão para mais tarde

Da janela do ônibus a cidade ganha outras formas. O Rio é uma grande avenida. Bailarinas tornam-se equilibristas, inebriadas tentam aguentar o peso do próprio corpo ao procurar sem sucesso apoio no ombro de palhaços que tropeçam nos próprios sapatos. Gargalhadas ecoam nas esquinas. A columbina aguarda a chegada do pierrô, mágico de peruca rosa. Vem meu amor, vem ver a banda passar. Esse ano eu não vou de marinheiro, nem de pirata. Esse ano eu vou assistir de camarote. Deixa o verão para mais tarde. A caixa de fantasias jaz intacta. Ali tem tapa olho de pirata, pulseira de cigana, chapéu de cowboy. Tem colar de havaiana, cartola de purpurina, confete, serpentina. Tem notas de um samba não cantado neste domingo de carnaval.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Suspira

Tudo em branco. Até que a nova caneta de pena - réplica idêntica a usada por Shakespeare - riscou a folha. A tinta manchou o dedo do meio e, como no naquele filme que ela esquecera o nome, já não havia mais como esconder que era escritora, ou fora. Um dia qualquer, quando as palavras surgiam com mais facilidade e a angústia morava no peito, fora escritora. Desta vez ela somente assinara seu nome. Afirmação. A pena era fora de época. Utensílio de outro século.

A mancha preta de tinta no papel, a mariposa no azulejo, o borrão na mente branca. O fim da clareza. A gente enterra o amor pensando que ele nunca mais vai aparecer. Até que chega o dia onde todas as palavras ganham sentido. E o borrão se espalha. E branco nunca mais é branco. Horizonte e ar ganham formas humanas. O outro é tudo que é preciso para respirar.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Salgadinhas de verão

In a good, very good trip

Pessoas que pensam com os pés bebem uns tragos e transformam a lucidez em delírios carnavalescos.

pensar com os pés = mostrar os sentimentos pela posição dos pés, como o clássico balançar dos tornozelos quando se está impaciente.

Se joga!

Eles ainda estão se jogando...
As asa-deltas?
Ainda estão se jogando...
Sempre e diariamente
Natural, asa-deltas são como passarinhos

Do buraco no céu

A lua cheia é um buraco no céu escuro.
Toca do coelho cinza.
Só vê quem está apaixonado

Janeiro

Como previsto, janeiro veio num suspiro longo, daqueles que saem lá de dentro do peito e aliviam a alma. Em janeiro, troquei as sapatilhas por havaianas, encontrei um amor de outros - muitos - verões. Vinho branco nas águas azuis de Angra. Fim de tarde tardio ao som das cigarras. Lua cheia nascendo por trás da serra alta de Petrópolis. Pôr do sol no Arpoador ao lado de quem se ama. Cosquinha nas costelas. Cerveja gelada a dois. Janeiro também veio com metas: ganhar mais, trabalhar menos, ter uma casa para chamar de minha. E a lua cheia se levantando no céu. Vestido de algodão. Cabeça encostada no peito de homem. Beijo na boca, beijo na orelha, beijo no pescoço, beijo no pé, não necessariamente nesta ordem. Semana sem trabalho e sem culpa. Pé na areia. Um balão vermelho no céu estrelado. Novo antigo amor: homem espantador de mariposas.