sexta-feira, 28 de setembro de 2007
Disse à chefe coisas que não devia. São 9h30 de sexta-feira, quero adiar a ida à redação. A vida anda bem entediante, entre monografia, pescoção, plantão e o cancelamento de uma entrevista com um cara pop (não citarei o nome por razões óbvias)que me renderia o prêmio Esso, me deparo com 52 minutos no trânsito durante um percurso que demoraria 3min e meio (sem exageros). Tempo suficiente para pensar e repensar as palavras ditas à chefe e a todos aqueles com quem me comuniquei meia hora que antecedeu o momento. Estou de ressaca Moral. Devo desculpas a pelo menos três pessoas que não acreditam que fatores externos são desculpas razoáveis para turbulências internas, que causam sérios danos no ambiente ao redor. TPM + Monografia + Plantão + Pescoção + o dia em que subi na balança. Quando essa fase vai acabar?
domingo, 23 de setembro de 2007
Tire suas maos de mim
É sábado a noite, o quarto está escuro, o teto roda (ou seria a cama?). É difícil achar uma posição. A cama é de casal. O lado direito está desocupado. O corpo se esparrama numa tentativa de ocupar o espaço vazio. Ilusão. A mão esquerda não é suficiente para a direita - não dá para enganar, elas se reconhecem: "Me larga. Procuro algo que não seja eu" Ponto final Backspace até o início da frase
É sábado a noite, o quarto está escuro. Rodamos, rodamos, rodamos e não conseguimos parar em lugar nenhum. Já faz uma semana que o Seu Martin fechou e elas ainda se sentem um pouco desorientadas. Nenhum outro lugar é tão íntimo quanto o Seuma. Nenhum outro lugar tem tantas histórias quanto o Seuma. Nem a lembrança de tantos encontros, términos e beijos. Nem tantas risadas, fofocas e lágrimas. Enfim, o que fazer agora sem o Seuma? Será dificíl arrumar mesa em outro lugar Ponto final backspace até o início da frase
É sábado a noite, o quarto está escuro e eu tenho medo. Medo de nunca mais me apaixonar Ponto final backspace até o início da frase
É sábado a noite, o quarto está escuro e eu não quero nunca mais levantar da cama. Estou com medo. Por que tenho que ser sempre tão boa aluna? A tarefa era aprender a ficar sozinha. Estou me formando com louvor. Agora tenho medo de nunca mais desaprender. Medo de nunca mais me apaixonar. Ando exigente e chata. Acho lá fora entediante e igual. Até o Seuma fechou as portas, sem ele o teto nunca mais vai girar. Meu corpo se esparrama por todos os lados. Carolina recheada de chocolate. O corpo se esparrama numa tentativa de ocupar o lugar vazio, em vão. Estou cheia de mim mesma. A mão esquerda não é suficiente para a direita - não dá para enganar, elas se reconhecem: "Me larga. Procuro algo que não seja eu".
xxxxxx
É sábado a noite. O quarto está escuro. As palavras surgem em minha mente como pesadelos, espantam o sono. Preciso escrevê-las, mas o corpo não aguenta, sabe que assim que chegar ao computador já terão desaparecido. Rascunhos mentais começam a se formar. Os parágrafos não têm continuidade. Também não agradam. Idéias soltas. Amanhã. Amanhã, assim que acordar eu escrevo.
É sábado a noite, o quarto está escuro. Rodamos, rodamos, rodamos e não conseguimos parar em lugar nenhum. Já faz uma semana que o Seu Martin fechou e elas ainda se sentem um pouco desorientadas. Nenhum outro lugar é tão íntimo quanto o Seuma. Nenhum outro lugar tem tantas histórias quanto o Seuma. Nem a lembrança de tantos encontros, términos e beijos. Nem tantas risadas, fofocas e lágrimas. Enfim, o que fazer agora sem o Seuma? Será dificíl arrumar mesa em outro lugar Ponto final backspace até o início da frase
É sábado a noite, o quarto está escuro e eu tenho medo. Medo de nunca mais me apaixonar Ponto final backspace até o início da frase
É sábado a noite, o quarto está escuro e eu não quero nunca mais levantar da cama. Estou com medo. Por que tenho que ser sempre tão boa aluna? A tarefa era aprender a ficar sozinha. Estou me formando com louvor. Agora tenho medo de nunca mais desaprender. Medo de nunca mais me apaixonar. Ando exigente e chata. Acho lá fora entediante e igual. Até o Seuma fechou as portas, sem ele o teto nunca mais vai girar. Meu corpo se esparrama por todos os lados. Carolina recheada de chocolate. O corpo se esparrama numa tentativa de ocupar o lugar vazio, em vão. Estou cheia de mim mesma. A mão esquerda não é suficiente para a direita - não dá para enganar, elas se reconhecem: "Me larga. Procuro algo que não seja eu".
xxxxxx
É sábado a noite. O quarto está escuro. As palavras surgem em minha mente como pesadelos, espantam o sono. Preciso escrevê-las, mas o corpo não aguenta, sabe que assim que chegar ao computador já terão desaparecido. Rascunhos mentais começam a se formar. Os parágrafos não têm continuidade. Também não agradam. Idéias soltas. Amanhã. Amanhã, assim que acordar eu escrevo.
terça-feira, 18 de setembro de 2007
O vento e o tempo
A quase 3 mil quilômetros do Rio, na cidade de Luís Correia, no norte do Piauí, o vento sopra forte, entorta árvores e embaraça os cabelos. O sol seca a carne do boi e do homem, enruga a pele, e quem esquecer de passar protetor solar nas pernas brancas corre risco de ficar que nem tomate assado. (Tomate assado é a versão nordestina para carolina recheada, ou seja, eu). A estrada de terra leva ao infinito, a estrada de areia se move com o vento e cobre a estrada de terra, o vento sopra a areia, a areia caí no olho de quem não usa óculos escuros. (Dessa eu me livrei. Em Luís Correia não há farmácia para comprar colírio). O vento leva kitesurfistas às alturas, que por sua vez levam jornalistas à loucura.
Os quase 3 mil quilômetros de distância entre a cidade maravilhosa e a cidade aonde o vento faz a curva são percorridos em mais de 12 horas de viagem. Tempo suficiente para repensar a vida inteira e considerar a hipótese de começar a praticar kitesurf. Tempo para perceber que o cara espremido ao meu lado no avião tem uma garrafinha de uísque dentro da bolsa e já tomou 3 Xingu. Tempo para notar que o Brasil é uma terra imensa e que se leva menos tempo para chegar na Ásia. Tempo para ouvir 634 músicas no ipod. Tempo para decidir pular pela saída de emergência, e decidir voltar atrás.
Não vi jacaré no igarapé, nem comi acarajé, mas tive que voltar de macha-ré quando o jipe atolou e fiquei cheia de lama no pé. (amei isso). Aprendi que cajú mancha; que só neutrox solta nó; que wave, regata e freestyle são categorias da competição de kite; que viajar sozinha deixa a pessoa carente; que nem eu me aguento carente; que quando a pessoa se enturma já está na hora de ir embora. (Isso me lembrou colônia de férias, e eu achei melhor ir embora mesmo, antes que os pesadelos infantis retornassem das profundezas do meu ser: PERIGO TOTAL).
Os quase 3 mil quilômetros de distância entre a cidade maravilhosa e a cidade aonde o vento faz a curva são percorridos em mais de 12 horas de viagem. Tempo suficiente para repensar a vida inteira e considerar a hipótese de começar a praticar kitesurf. Tempo para perceber que o cara espremido ao meu lado no avião tem uma garrafinha de uísque dentro da bolsa e já tomou 3 Xingu. Tempo para notar que o Brasil é uma terra imensa e que se leva menos tempo para chegar na Ásia. Tempo para ouvir 634 músicas no ipod. Tempo para decidir pular pela saída de emergência, e decidir voltar atrás.
Não vi jacaré no igarapé, nem comi acarajé, mas tive que voltar de macha-ré quando o jipe atolou e fiquei cheia de lama no pé. (amei isso). Aprendi que cajú mancha; que só neutrox solta nó; que wave, regata e freestyle são categorias da competição de kite; que viajar sozinha deixa a pessoa carente; que nem eu me aguento carente; que quando a pessoa se enturma já está na hora de ir embora. (Isso me lembrou colônia de férias, e eu achei melhor ir embora mesmo, antes que os pesadelos infantis retornassem das profundezas do meu ser: PERIGO TOTAL).
terça-feira, 11 de setembro de 2007
Próxima parada: Piauí
O dia começou às 6h30. O café esfumaçante não estava na xícara de porcelana, nem no bule de prata, nem na garrafa térmica. A água não fervia na boca do fogão. A certeza de que seria um dia arrastado se instalou. Vestida com o uniforme escolar, minha irmazinha comia pão com manteiga e leite com Nescau na mesa da cozinha. "Já tá na hora de você aprender a se mexer de manhã...", me repreendeu. Decidi não tomar o café.
Antes mesmo que eu tivesse tempo de escolher entre o túnel e a Niemeyer o telefone tocou. (Eram 7h14): Anna? É, quem fala? Vocês está dirigindo um Peageut azul? Sim, quem fala? Eu sou oficial de justiça. Estou dirigindo o astra prata atrás de você. Como? Olhe pelo retrosivor, esse dando tchau sou eu. O seu porteiro me avisou que você estava no carro que saiu logo que eu cheguei, então resolvi te seguir. Sei.... Você pode, por favor, encostar o carro? Escuta aqui amigo, pra começar aqui não tem onde encostar, estou indo pra Ipanema, se você quiser me seguir até lá, fique a vontade. Mas tá vendo que tá trânsito, né? EU só preciso que você assine esse papel...
Encostei o carro. Abri o vidro sem dizer uma palavra. Ele veio animado.
Muito bom dia, Anna. Olha que sorte a minha conseguir ter te achado no meio desse montão de carros! (ele estava sorridente. Me deu o papel.) Só preciso que a senhora assine esse mandado de intimação, no qual o senhor seu pai pede exoneração de pensão alimentícia. Não esquece de colocar o número da identidade e data ao lado, tá? Você não acha incrível que eu tenha conseguido alacança-la? Quando eu contar lá no Fórum ninguém vai acreditar!
Continuei muda. Assinei o papel. Ele ficou parado, me olhando.
Me desculpa, seu oficial, gostaria muito de comemorar essa vitória com o senhor, mas são 7h25 da manhã, estou atrasada pro dentista, não tomei café e pelo visto não vou poder tomar nunca mais, já que o meu pai não quer mais pagar a minha alimentação. Tenha um bom dia.
Deixei ele parado ali mesmo, no meio da rua. Escolhi a Niemeyer. Não sei porque, mas sempre que estou chorando escolho a Niemeyer. Dessa vez foi uma boa escolha, 7h50 estava procurando vaga em Ipanema. Vaga! Cone na vaga. Outra vaga! Dois cones na vaga. Vaga!Ignorei o cone. O flanelinha veio falar comigo.
Não pode parar aí não, tia. Não tá vendo o cone? Tô vendo sim. Mas a vaga é pública e se eu quiser parar nela eu páro. (engatei a primeira. o cara tirou o cone) Dá uma ajuda pelo menos aí na volta, tia? Não. Não? A rua é pública meu amigo. Qualquer pessoa que se aposse dela assim não ganha nem um centavo vindo de mim. Mas eu tirei o cone pra senhora estacionar! Se eu não tivesse tirado, o que a senhora ia fazer, passar por cima? ô gente mal educada! Não, eu ia tirar eu mesma. (morri de medo, mas deixei o carro ali mesmo).
Essa é a radiografia da sua arcada dentária. Seu ciso inferior direito está incluso e inflamado. Vamos ter que extraí-lo, disse o dentista. Eram 8h15, o dia estava apenas começando.
Às 14hs tive a notícia que justificaria a total insanidade dos acontecimentos até então: Fui escalada para cobrir o campeonato brasileiro de kite surf, em Luís Corrêa, há 6 horas de carro de Teresina, no Piauí. Surreal.
Aguardem cenas dos próximos capítulos.
Antes mesmo que eu tivesse tempo de escolher entre o túnel e a Niemeyer o telefone tocou. (Eram 7h14): Anna? É, quem fala? Vocês está dirigindo um Peageut azul? Sim, quem fala? Eu sou oficial de justiça. Estou dirigindo o astra prata atrás de você. Como? Olhe pelo retrosivor, esse dando tchau sou eu. O seu porteiro me avisou que você estava no carro que saiu logo que eu cheguei, então resolvi te seguir. Sei.... Você pode, por favor, encostar o carro? Escuta aqui amigo, pra começar aqui não tem onde encostar, estou indo pra Ipanema, se você quiser me seguir até lá, fique a vontade. Mas tá vendo que tá trânsito, né? EU só preciso que você assine esse papel...
Encostei o carro. Abri o vidro sem dizer uma palavra. Ele veio animado.
Muito bom dia, Anna. Olha que sorte a minha conseguir ter te achado no meio desse montão de carros! (ele estava sorridente. Me deu o papel.) Só preciso que a senhora assine esse mandado de intimação, no qual o senhor seu pai pede exoneração de pensão alimentícia. Não esquece de colocar o número da identidade e data ao lado, tá? Você não acha incrível que eu tenha conseguido alacança-la? Quando eu contar lá no Fórum ninguém vai acreditar!
Continuei muda. Assinei o papel. Ele ficou parado, me olhando.
Me desculpa, seu oficial, gostaria muito de comemorar essa vitória com o senhor, mas são 7h25 da manhã, estou atrasada pro dentista, não tomei café e pelo visto não vou poder tomar nunca mais, já que o meu pai não quer mais pagar a minha alimentação. Tenha um bom dia.
Deixei ele parado ali mesmo, no meio da rua. Escolhi a Niemeyer. Não sei porque, mas sempre que estou chorando escolho a Niemeyer. Dessa vez foi uma boa escolha, 7h50 estava procurando vaga em Ipanema. Vaga! Cone na vaga. Outra vaga! Dois cones na vaga. Vaga!Ignorei o cone. O flanelinha veio falar comigo.
Não pode parar aí não, tia. Não tá vendo o cone? Tô vendo sim. Mas a vaga é pública e se eu quiser parar nela eu páro. (engatei a primeira. o cara tirou o cone) Dá uma ajuda pelo menos aí na volta, tia? Não. Não? A rua é pública meu amigo. Qualquer pessoa que se aposse dela assim não ganha nem um centavo vindo de mim. Mas eu tirei o cone pra senhora estacionar! Se eu não tivesse tirado, o que a senhora ia fazer, passar por cima? ô gente mal educada! Não, eu ia tirar eu mesma. (morri de medo, mas deixei o carro ali mesmo).
Essa é a radiografia da sua arcada dentária. Seu ciso inferior direito está incluso e inflamado. Vamos ter que extraí-lo, disse o dentista. Eram 8h15, o dia estava apenas começando.
Às 14hs tive a notícia que justificaria a total insanidade dos acontecimentos até então: Fui escalada para cobrir o campeonato brasileiro de kite surf, em Luís Corrêa, há 6 horas de carro de Teresina, no Piauí. Surreal.
Aguardem cenas dos próximos capítulos.
quarta-feira, 5 de setembro de 2007
Olha a cabeleira do Zezé
Ele se aproximou. Boné, mochila nas costas, camiseta de banda alternativa, bermudão. Não deu tempo de reparar o que ele calçava, em menos de 10 segundos parou ao meu lado no balcão. Enquanto eu checava a conta, imaginava como seria a garota que aquele gatinho viera buscar. O que mais um gatinho daqueles estaria fazendo ali, senão buscar a namorada. Buscar a irmã? A mãe? Estavamos em uma casa de depilação, ora bolas. Meninos não buscam familiares em casas de depilação. Depois imaginei ele dando o fora nela, nós dois felizes para sempre, nós dois contando aos nossos filhos como encontramos a alma gêmea da forma mais inusitada possível: no Pelo Menos. O timing era perfeito, afinal eu tinha acabado de fazer virilha cavada com faixa, axila e perna inteira. Mais preparada para O momento impossível. No mesmo minuto em que lembrei que Murphy nunca deixaria que eu estivesse TOTALMENTE sem pêlos no exato momento de encontrar o príncipe encantado, ele falou, com a voz grave: Eu gostaria de fazer a sobrancelha, por favor. Derrubei todas as moedas do troco no chão. Algumas rolaram para debaixo do balcão. "Não precisa se preocupar não", eu disse, ainda meio sem voz. E saí correndo dali o mais depressa possível. O que diabos está acontecendo com os homens???
Ainda pensando no assunto, continuei o ritual de beleza. Próxima parada: Cristal. Serviços agendados: Sobrancelha (com pinça, é claro. Todo mundo, com exceção dos homens, pelo visto, sabe que a sobrancelha só fica boa com pinça. Se bem que tem aquela técnica israelense de linha, mas isso já é assunto para outro post); manicure e pedicure. Conhecido por ser um dos salões preferidos pelas madames da alta sociedade carioca, o Cristal localiza-se no coração de Ipanema. "Os preços são mais caros que o normal, mas a qualidade do atendimento e do ambiente compensam", dizem elas. Fios de cabelo raramente estão no chão. Parte da estaff local tem sotaque francês. Os últimos modelos das bolsas mais cobiçadas do mundo desfilam pelo salão. Contigo é revista para Britto, no Cristal as Vogue, Elle, Bazzar e outras bíblias da moda são atualizadas em diversos idiomas mensalmente.
Enquanto folheava a última edição da Vogue americana, "The biggest issue ever", com a Siena Miller na capa, meus pés repousavam dentro da bacia prateada de água morna. Foi então que eu notei algo um pouco estranho no ambiente. Na minha diagonal direita, havia um homem gordo aparando a barba com ninguém menos que a Mandi. Semana passada fiz uma matéria sobre os 5 cabeleireiros mais caros do Rio. A Mandi foi a 5ª colocada. Quanto deve custar se barbear com ela?
Na minha diagonal esquerda, estava ele. Não aquele do Pelo Menos, mas outro tão gatinho quanto. Tatuagem na batata da perna, mochila nas costas, ipod no ouvido, bermuda cargo bege, camiseta verde abacate, tênis Vans "estilo pé de elefante", barba por fazer e cabelo meio comprido, meio bagunçado. Quem o encontrar andando de skate por aí, nem imagina que ele frequenta salão. Com um olho no anúncio da nova bolsa Fendi e outro no garoto, esperei o momento dele dizer que queria fazer uma cauterização seguida de escova inteligente, por favor. Essa hora não veio. Mas em 10 minutos, ele estava sentado no lavatório. Raspou a nuca (para tirar o volume do cabelo, provavelmente), aparou o cabelo estilo não to nem aí, secou com o secador. O cabeleireiro deu as últimas repicadas. O garoto voltou pro lavatório, molhou a cabeça e secou com a toalha. Saiu do Cristal com pinta de quem nem sabe o que é um secador.
Agora, me digam vocês, o que está acontecendo com os homens? Estamos em estado de calamidade pública, e não é só no Rio. Do outro lado do mundo os caras são mulheres. Eu nunca fui pra China, mas acompanho tudo pelas revistas. Só dá pra ter certeza do sexo dos orientais se verificarmos as partes íntimas, e mesmo assim, desconfie. A situação é crítica. Eles ditam as tendências e dominarão o mundo. Hoje, os cariocas fazem a sobrancelha e pagam caro pelo corte do cabelo. To vendo o dia que meu filho vai chegar em casa e vou confundi-lo com a irmã. Isso se eu conseguir ter filhos até lá, porque toda mulher sabe que está faltando macho no mundo.
Ainda pensando no assunto, continuei o ritual de beleza. Próxima parada: Cristal. Serviços agendados: Sobrancelha (com pinça, é claro. Todo mundo, com exceção dos homens, pelo visto, sabe que a sobrancelha só fica boa com pinça. Se bem que tem aquela técnica israelense de linha, mas isso já é assunto para outro post); manicure e pedicure. Conhecido por ser um dos salões preferidos pelas madames da alta sociedade carioca, o Cristal localiza-se no coração de Ipanema. "Os preços são mais caros que o normal, mas a qualidade do atendimento e do ambiente compensam", dizem elas. Fios de cabelo raramente estão no chão. Parte da estaff local tem sotaque francês. Os últimos modelos das bolsas mais cobiçadas do mundo desfilam pelo salão. Contigo é revista para Britto, no Cristal as Vogue, Elle, Bazzar e outras bíblias da moda são atualizadas em diversos idiomas mensalmente.
Enquanto folheava a última edição da Vogue americana, "The biggest issue ever", com a Siena Miller na capa, meus pés repousavam dentro da bacia prateada de água morna. Foi então que eu notei algo um pouco estranho no ambiente. Na minha diagonal direita, havia um homem gordo aparando a barba com ninguém menos que a Mandi. Semana passada fiz uma matéria sobre os 5 cabeleireiros mais caros do Rio. A Mandi foi a 5ª colocada. Quanto deve custar se barbear com ela?
Na minha diagonal esquerda, estava ele. Não aquele do Pelo Menos, mas outro tão gatinho quanto. Tatuagem na batata da perna, mochila nas costas, ipod no ouvido, bermuda cargo bege, camiseta verde abacate, tênis Vans "estilo pé de elefante", barba por fazer e cabelo meio comprido, meio bagunçado. Quem o encontrar andando de skate por aí, nem imagina que ele frequenta salão. Com um olho no anúncio da nova bolsa Fendi e outro no garoto, esperei o momento dele dizer que queria fazer uma cauterização seguida de escova inteligente, por favor. Essa hora não veio. Mas em 10 minutos, ele estava sentado no lavatório. Raspou a nuca (para tirar o volume do cabelo, provavelmente), aparou o cabelo estilo não to nem aí, secou com o secador. O cabeleireiro deu as últimas repicadas. O garoto voltou pro lavatório, molhou a cabeça e secou com a toalha. Saiu do Cristal com pinta de quem nem sabe o que é um secador.
Agora, me digam vocês, o que está acontecendo com os homens? Estamos em estado de calamidade pública, e não é só no Rio. Do outro lado do mundo os caras são mulheres. Eu nunca fui pra China, mas acompanho tudo pelas revistas. Só dá pra ter certeza do sexo dos orientais se verificarmos as partes íntimas, e mesmo assim, desconfie. A situação é crítica. Eles ditam as tendências e dominarão o mundo. Hoje, os cariocas fazem a sobrancelha e pagam caro pelo corte do cabelo. To vendo o dia que meu filho vai chegar em casa e vou confundi-lo com a irmã. Isso se eu conseguir ter filhos até lá, porque toda mulher sabe que está faltando macho no mundo.
segunda-feira, 3 de setembro de 2007
Admirável comentário novo
Felipe,
Mas que honra ter seus comentários no meu modesto blogue... vc anda acompanhando as minhas aventuras e desventuras? Agora ficarei tímida, terei que melhorar a qualidade em um milhão. Talvez implodir alguns posts já publicados. Enfim... Seguem repostas aos comentários (lidos e relidos com um enorme sorriso no rosto):
você disse... - Antonio Prata!?... você costumava a ser mais crítica. (cadê aqueles velhos irritantes que escrevem tão bem a ponto de pensarmos em desistir dessa sina; Saramago, Borges, etc, etc).
eu digo... - Amo e sempre amarei meus antigos companheiros, incomparáveis ídolos, eternos mestres da palavra. Se os continuasse lendo com tamanha assiduidade, nunca conseguiria ter começado a colocar pensamentos e impressões nesse blogue. Você conhece bem minhas exigências... O meu amor pelo Antonio Prata é menos platônico. Sabe? mais pé no chão. Amor sem tanta idolatria, mas nem por isso com companhia menos divertida. Amor leve. Amor com defeitos. Estar gostando de Antonio Prata define bem meu espírito nos últimos meses. De repente, é uma fase. De repente, não. Quem sabe aprendi a aceitar os defeitos alheios? Ou a conviver com a “humanidade” de cada um. Cansei de admirar SOMENTE (por favor, não pule o “SOMENTE”) os Deuses. Cansei de sonhar. Quero ser real. O Antonio Prata me soa próximo. Quem sabe, amor possível? (risos)
você disse... - Nunca é tarde para reconhecer a genialidade dos Simpsons.
eu digo... – Finalmente eu me redimo e admito que você sempre me avisou...
você disse... Tudo é igual a tudo e tudo é diferente de tudo (essa é uma lei ontológica básica). Portanto, não se preocupe com as repetições e as diferenças; preocupe-se com o olhar que as identifica. Interessante como esse é um tema recorrente para você... já reparou nisso?
eu digo... – Nunca reparei. Será que não entendi? Você quer dizer “as repetições e as diferenças”? Agora que você tocou no assunto, desenvolve. Com exemplos para simplificar, please.
você disse... - Grande evolução! Seus textos estão cada vez mais fluentes - só sinto falta de uma ficção mais elaborada (cadê os contos?)
eu digo...- Ando com preguiça da ficção mais elaborada. Como estava dizendo, não sei mais se quero ser profunda. Dá muito trabalho... Ando me divertindo no raso. Vou te contar o secret du jour: pode não parecer, mas muita coisa escrita aqui é ficção pura. Tudo bem que não é elaborada, mas você tem que entender que ando me esforçando muito pra ser simples. Se não, fico muito confusa, questionadora, filosófica, ou seja, um saco. Nem eu agüento os meus dramas. Então resolvi simplificar e quando cansar, eu volto. Não conta pra ninguém, mas tenho uns contos escondidos na gaveta. Tenho vergonha deles, são meio sem pé nem cabeça.
Foi bom ouvir pelo menos um elogio vindo de você, ó crítico dos críticos (e não adianta fazer esse meio sorriso, com a boca um pouco de lado, que eu te conheço bem, viu?). Escreva sempre.
Um beijo.
Mas que honra ter seus comentários no meu modesto blogue... vc anda acompanhando as minhas aventuras e desventuras? Agora ficarei tímida, terei que melhorar a qualidade em um milhão. Talvez implodir alguns posts já publicados. Enfim... Seguem repostas aos comentários (lidos e relidos com um enorme sorriso no rosto):
você disse... - Antonio Prata!?... você costumava a ser mais crítica. (cadê aqueles velhos irritantes que escrevem tão bem a ponto de pensarmos em desistir dessa sina; Saramago, Borges, etc, etc).
eu digo... - Amo e sempre amarei meus antigos companheiros, incomparáveis ídolos, eternos mestres da palavra. Se os continuasse lendo com tamanha assiduidade, nunca conseguiria ter começado a colocar pensamentos e impressões nesse blogue. Você conhece bem minhas exigências... O meu amor pelo Antonio Prata é menos platônico. Sabe? mais pé no chão. Amor sem tanta idolatria, mas nem por isso com companhia menos divertida. Amor leve. Amor com defeitos. Estar gostando de Antonio Prata define bem meu espírito nos últimos meses. De repente, é uma fase. De repente, não. Quem sabe aprendi a aceitar os defeitos alheios? Ou a conviver com a “humanidade” de cada um. Cansei de admirar SOMENTE (por favor, não pule o “SOMENTE”) os Deuses. Cansei de sonhar. Quero ser real. O Antonio Prata me soa próximo. Quem sabe, amor possível? (risos)
você disse... - Nunca é tarde para reconhecer a genialidade dos Simpsons.
eu digo... – Finalmente eu me redimo e admito que você sempre me avisou...
você disse... Tudo é igual a tudo e tudo é diferente de tudo (essa é uma lei ontológica básica). Portanto, não se preocupe com as repetições e as diferenças; preocupe-se com o olhar que as identifica. Interessante como esse é um tema recorrente para você... já reparou nisso?
eu digo... – Nunca reparei. Será que não entendi? Você quer dizer “as repetições e as diferenças”? Agora que você tocou no assunto, desenvolve. Com exemplos para simplificar, please.
você disse... - Grande evolução! Seus textos estão cada vez mais fluentes - só sinto falta de uma ficção mais elaborada (cadê os contos?)
eu digo...- Ando com preguiça da ficção mais elaborada. Como estava dizendo, não sei mais se quero ser profunda. Dá muito trabalho... Ando me divertindo no raso. Vou te contar o secret du jour: pode não parecer, mas muita coisa escrita aqui é ficção pura. Tudo bem que não é elaborada, mas você tem que entender que ando me esforçando muito pra ser simples. Se não, fico muito confusa, questionadora, filosófica, ou seja, um saco. Nem eu agüento os meus dramas. Então resolvi simplificar e quando cansar, eu volto. Não conta pra ninguém, mas tenho uns contos escondidos na gaveta. Tenho vergonha deles, são meio sem pé nem cabeça.
Foi bom ouvir pelo menos um elogio vindo de você, ó crítico dos críticos (e não adianta fazer esse meio sorriso, com a boca um pouco de lado, que eu te conheço bem, viu?). Escreva sempre.
Um beijo.
domingo, 2 de setembro de 2007
Dia nada estranho, sem gente esquisita
Quando o telefone tocou, o domingo chuvoso despertou.
E aí, amiga, o que você achou dele?
Achei que vocês formam o casal perfeito.
Você tá dormindo?
Agora já acordei, pode falar.
Jura? Fala mais então, você tava vendo tudo de camarote.
Então, acho que ele é o cara, vai fundo.
Você acha mesmo?
Sei bem que vi o clima chegando. Da minha mesa dava pra ver a mão dele hesitando em tocar na sua perna. E eu bem que vi ela tocando...
Risos
O beijo foi bom?
Foi incrível. No bar, no carro, na garagem, no elevador, no hall. Ai amiga.... Acho que ele é o cara.
Tô falando... Então. Vou levantar e te ligo pra gente fazer algo.
Ih, não vou poder, chá de panela.
Aí que saco, de novo. Essa gente não acha que somos muito novas pra casar, não?
***
Oie. Pode ir me contando tudo da noite de ontem.
Incrivel, Anna
To passando aí em cinco, vamos tomar café.
Estacionei enquanto ela não descia. Normal, ela sempre demora para descer. Do outro lado da rua, dois meninos faziam a mudança. Alugaram uma van tipo sacola da Mary Poppins. Colchão de casal, duas poltronas, dois quadros, mesinha de computador, mesa de centro, abajur, uma casa inteira saia dali. Eles engenhosamente tiravam peça por peça, desse jeito que só homens sabem fazer. Porque homem que é homem, pega carro emprestado pra fazer mudança, carrega a casa numa sacola, dá marcha-ré como ninguém, deixa a barba por fazer, quando toca: toca, anda de bicicleta e, definitivamente, sabe cortar birra de mulher. Já sei que a dupla aí sabe fazer mudanças. E eu bem que estou precisando de uma. Precisando começar um novo filme. Se alguém souber o andar deles, na Nascimento Silva, por favor, avise. Eu gosto de decorar.
****
Assim começou o domingo. Assim continuou o domingo. Meninos de roupa de borracha olhando o mar. Meninas olhando meninos olharem o mar. O mar. O vento. O cinema às 16h30. As lágrimas às 17h15. O insight simultâneo. Tudo tem que mudar, e mudar agora. Fim do filme. Rosto inchado. Não é nada disso que eu esperava. Férias com chuva devem significar o fim dos novos tempos. Fim das noites de três pessoas dançando na Pista 3. Aonde é o baço? Dói embaixo da minha costela esquerda... fígado? Se eu tirar uma costela, viro uma nova mulher? Conseguirei dormir mesmo sabendo que não há compromissos para o dia seguinte? O que fazer com o dia seguinte? Meus olhos abriram as 5h15. Não posso me atrasar para o trabalho. Só que é domingo, e mesmo já fosse amanhã, estou de férias. Estresse? Não quero trabalhar, quero dançar, correr 10 km, ler, ler, ler, ioga, roupas novas, dvds, beijo na boca e noites bem dormidas. E os sonhos atrapalham. Os sonhos das noites também. Eu não to legal, quero mais birita.
E aí, amiga, o que você achou dele?
Achei que vocês formam o casal perfeito.
Você tá dormindo?
Agora já acordei, pode falar.
Jura? Fala mais então, você tava vendo tudo de camarote.
Então, acho que ele é o cara, vai fundo.
Você acha mesmo?
Sei bem que vi o clima chegando. Da minha mesa dava pra ver a mão dele hesitando em tocar na sua perna. E eu bem que vi ela tocando...
Risos
O beijo foi bom?
Foi incrível. No bar, no carro, na garagem, no elevador, no hall. Ai amiga.... Acho que ele é o cara.
Tô falando... Então. Vou levantar e te ligo pra gente fazer algo.
Ih, não vou poder, chá de panela.
Aí que saco, de novo. Essa gente não acha que somos muito novas pra casar, não?
***
Oie. Pode ir me contando tudo da noite de ontem.
Incrivel, Anna
To passando aí em cinco, vamos tomar café.
Estacionei enquanto ela não descia. Normal, ela sempre demora para descer. Do outro lado da rua, dois meninos faziam a mudança. Alugaram uma van tipo sacola da Mary Poppins. Colchão de casal, duas poltronas, dois quadros, mesinha de computador, mesa de centro, abajur, uma casa inteira saia dali. Eles engenhosamente tiravam peça por peça, desse jeito que só homens sabem fazer. Porque homem que é homem, pega carro emprestado pra fazer mudança, carrega a casa numa sacola, dá marcha-ré como ninguém, deixa a barba por fazer, quando toca: toca, anda de bicicleta e, definitivamente, sabe cortar birra de mulher. Já sei que a dupla aí sabe fazer mudanças. E eu bem que estou precisando de uma. Precisando começar um novo filme. Se alguém souber o andar deles, na Nascimento Silva, por favor, avise. Eu gosto de decorar.
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Assim começou o domingo. Assim continuou o domingo. Meninos de roupa de borracha olhando o mar. Meninas olhando meninos olharem o mar. O mar. O vento. O cinema às 16h30. As lágrimas às 17h15. O insight simultâneo. Tudo tem que mudar, e mudar agora. Fim do filme. Rosto inchado. Não é nada disso que eu esperava. Férias com chuva devem significar o fim dos novos tempos. Fim das noites de três pessoas dançando na Pista 3. Aonde é o baço? Dói embaixo da minha costela esquerda... fígado? Se eu tirar uma costela, viro uma nova mulher? Conseguirei dormir mesmo sabendo que não há compromissos para o dia seguinte? O que fazer com o dia seguinte? Meus olhos abriram as 5h15. Não posso me atrasar para o trabalho. Só que é domingo, e mesmo já fosse amanhã, estou de férias. Estresse? Não quero trabalhar, quero dançar, correr 10 km, ler, ler, ler, ioga, roupas novas, dvds, beijo na boca e noites bem dormidas. E os sonhos atrapalham. Os sonhos das noites também. Eu não to legal, quero mais birita.
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