Este não é um texto sobre aquele filme que eu esqueci o nome, mas tenho certeza que lembrarei assim que desligar o computador. Aquele, em que as crianças encolhem e encontram as formigas gigantes. Todo inverno me sinto um pouco como aquelas crianças. Observo o comportamento das formigas gigantes. Já tenho conhecimento suficiente para escrever a continuação de AntZ. Há mais de dez anos é a mesma coisa. No início do inverno elas começam a reconhecer o terreno. Geralmente o terreno é a estante do meu quarto, acho que por causa do acúmulo de livros e papéis. Uma das coisas que aprendi com a observação do comportamento das formigas gigantes que aparecem no inverno é que elas fazem ninho, formigueiro, sei lá, em lugares onda haja papel. Provavelmente o papel deve absorver a umidade do ar e criar um habitat parecido com a terra úmida. Ano re-retrasado descobri um ninho de formigas gigantes dentro de uma caixa de papelão cheia de fotos. Ano retrasado elas escolheram as pastas aonde eu guardava xerox antigas da faculdade. Até que foi um bom pretexto para que eu me livrasse da papelada. Ano passado, elas voltaram às caixas de papelão. Já tomei as devidas providências e as substituí por plástico. No entanto, esse ano algo muito estranho está acontecendo. Não consigo descobrir onde elas estão construindo o ninho. Depois de todos esses anos, acho que elas já me conhecem. Quando eu me aproximo para observá-las, elas brincam de estátua. As formigas gigantes nunca estão sozinhas, mas são espertas o suficiente para não fazerem fila revelando o esconderijo. Essa semana encontrei um par delas dentro da gaveta de revistas da mesinha de cabeceira. Nada de formigueiro ali. Tirei todas as gavetas, arrastei o móvel e não achei nada. Esta noite, ao acender a luz para matar um pernilongo - que conseguiu fugir e me obrigou a ligar o ar-condicionado em pleno inverno e a colocar uma colcha extra por cima do meu edredom de pena de ganso -, me deparei com um trio das marronzinhas andando pela parede atrás da minha cama. Fui obrigada a investigar. Ao me verem, elas congelaram. Fiquei com pena de matá-las, se eu acabar com a vida delas, nunca saberei aonde é o esconderijo. Estou desconfiada do forro da cabeceira da minha cama. Quando o ar-condicionado estava quebrado pingava no forro. O tecido deve ter ficado úmido. Habitat perfeito para as formigas gigantes que aparecem no inverno. Mistério a ser solucionado.
:: Ao contrário do que dizia a escritura na parede do Les Artistes, as formigas gigantes gostam muito de bolo de laranja. E eu também, principalmente se tiver aquele açúcar por cima. Devo ser uma formiga gigante. Aliás, nunca mais comi um bolo de laranja como o do Vicente.
:: Lembrei: Querida, encolhi as crianças.
2 comentários:
Quantas "pequenas" histórias podem ser contadas num "pequeno" espaço.
Ótimo texto, Parabéns!
Postar um comentário