segunda-feira, 6 de agosto de 2007

O Momix me fez dançar

Não sei porque não ouvi minha mãe e continuei no balé. Não sei porque não ouvi minha mãe e continuei na natação, no tênis, na aula de piano...e por aí vai. Sou do tipo que vai a um show e sonha com a idéia de ser uma cantora. Pelo menos por um dia, vai. Quando vejo aquela final de tênis, penso que se me esforçasse um pouco, só um pouco, poderia estar me vendo numa final. Ai, mas...quando vejo um espetáculo de balé, meu coração dispara, meus olhos vibram, remelexo meu corpo todo com uma vontade enorme de estar no palco. Por mais que eu seja uma dessas pessoas vira-casaca, que quer o tempo inteiro o que não tem (bem que meu pai falou para eu ser um pouco mais persistente), com o balé o negócio é sério! Talvez seja porque foi com o que eu cheguei mais próximo de algum lugar (se é que isso quer dizer alguma coisa). Fiz balé dos dois aos quatorze anos. Bem naquela fase pré-adolescente em que as espinhas não acompanham o desejo de estar bonita, em que a boca está grande e o nariz pequeno e vice-versa. Aquela fase que você acha que já ficou adulta o suficiente para escolher o que quer da vida, e com certeza quer mudanças radicais. Dito e feito, saí das minhas aulas de balé. E hoje, depois de assistir ao belíssimo Momix, não pude deixar de sentir esta sensação recalcada de incompletude. Que coisa mais linda! Adoro essas danças modernas em que a luz, o cenário, o figurino, os objetos de palco, tudo faz e completa o espetáculo. Fui assistir ao Opus cactus, onde o deserto é o cenário e os bailarinos, através da dança, simulam árvores, "dinossauros"(foi o que me pareceu), serpentes e flores. Uma beleza! Aqueles corpos que se entrelaçam e, juntos, vão formando os cenários, os bichos. Sozinhos, eles seriam dança. Juntos, eles são animais dançantes, árvores que balançam, serpentes que rastejam. E eu alí na platéia, mais especificamente na primeira fila, estupefata com todo aquele pas-de-deux moderno que meus olhos observavam. Daquela posição em que me encontrava, podia ver tudo nos mínimos detalhes, como os sorrisos largos, os corpos minuciosamente delineados, os passos delicados e fortes, a força que me parecia fácil. No final, foi tudo tão intenso, que eu até me esqueci que queria estar do lado de lá. Porque mesmo sentada na platéia, o Momix me fez dançar.

2 comentários:

Pedro Lago disse...

Engraçado ler isto. Não há uma única vez em que eu não me imagino tocando trompete ao lado do John Coltrane, ou com o Bill Evans ao piano. Daí quando vejo um grupo tocando 'Cantaloupe' na Casa Rosa, imagino que isto pode não estar tão longe assim.
Boa reflexão!
:-)

Anônimo disse...

Ah...o ócio criativo