Acordei na manhã de sábado em Copacabana. Na manhã de sábado , em Copacabana, já tem gente no boteco. Já tem homem levando o cachorro para passear, porteiro conversando na calçada, eu saindo do prédio andando meio torta com cara de ontem. Eu tentando equilibrar o salto alto no chão de pedras portugueses. Malditos portugueses que inventaram esse chão que eu preciso me equilibrar às 7h30 da manhã do sábado nublado. (Depois fez sol, mas às 7h30 o dia estava nublado). Um caminhão da Fábrica da Felicidade - imagino que seja algum tipo de Baú da Felicidade - está estacionado na esquina. Mas eu ando mais um quarteirão, não quero pegar o táxi na cara dos porteiros que conversam na calçada. Tenho vergonha de pegar um táxi às 7h30 da manhã em Copa com a roupa de ontem. Esqueço que é dia, e digo boa noite, quer dizer, bom dia. Os porteiros me olham passar, os homens do boteco me olham passar, o cara dentro do carro parado no sinal me olha esperar. O taxista me olha como quem diz: “Eu sei o que você fez ontem à noite”.
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Eu vivo para escrever o que vivi. O meu maior medo é o coração parar de tanto bater. Causa mortis: vida.
O olhar que congela a alma e põe silêncio onde antes havia palavras entrou pelos meus olhos. Causa mortis: olhos nos olhos, quero ver o que você faz.
2 comentários:
Simplesmente lindo! parabéns!
o post do ano!
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