terça-feira, 31 de julho de 2007
O nosso amor a gente inventa
domingo, 29 de julho de 2007
I just call to say...
1. Noé pode estar construindo uma nova Arca. A previsão do tempo é prova disso. Então perdi o telefone, porque como eu não acho que seja a pessoa mais indicada para dar continuidade à espécie humana, inconcientemente achei melhor não deixar que ele me achasse;
2. Talvez perder o aparelho seja a única forma de conseguir me libertar das mensagens de texto que aquele cara que eu estou proibida de mencionar o nome me mandou um dia, ou noite, ou tarde;
3. Uma hipótese melhor ainda: apagar de uma vez por todas o número do telefone dele. E de todos os amigos dele;
4. A perda do celular foi um castigo por todas as vezes em que desliguei o telefone na cara dos vendedores das operadoras. A punição foi passar a manhã de sábado falando com operadores de telemarketing, perder mais de três horas da tarde de domingo numa fila na loja da Vivo, na Barra, sair de lá com um celular de R$49,90, e chegar em casa e descobrir que o aparelho é tão barato porque não pega no meu quarto;
5. Aprender que discar aleatoriamente números de telefones que lhe vêm a cabeça não é uma boa maneira de descobrir a quem eles de fato pertecem;
6. Decorar os telefones das pessoas queridas é fundamental;
7. Ficar incomunicável durante um final de semana inteiro incentiva o contato com familiares, do mesmo jeito que ficar sem energia elétrica nas noites de domingo.
quarta-feira, 25 de julho de 2007
vai no festival indie hj?
Julio diz:
Bem que queria ir no magic numbers
Julio diz:
dia desses procurei o cd deles e não achei...
Anna diz:
eu tb não tenho o cd não, mas dá pra baixar
Julio diz:
ué não sou pirata
Julio diz:
sou uma das últimas pessoas que ainda compram cd hehe
Julio diz:
comprei 3 essa semana...
Julio diz:
e fico triste cada vez que chego nas lojas e tem menos cd, na saraiva o bonus é até menor para comprar cd. muito vacilo.
Anna diz:
não é pra vc gravar cd, é para baixar a música no comp.
Anna diz:
isso não é pirataria é tecnologia
Julio diz:
é pirataria! tá baixando a musica sem pagar por ela.
Julio diz:
quem vem aí em breve é the killers
Julio diz:
eu tenho um cd deles...acho bacana
Anna diz:
hahahaha vc compra cd, fala "bacana"
Anna diz:
ô raça nordestina
Julio diz:
engraçadinha
Julio diz:
o escama também compra cd
Julio diz:
confesso que é o meu unico amigo q conheço que tambem compra
Anna diz:
ele deve falar bacana tb
Julio diz:
qual é o problema de falar bacana?
Julio diz:
será que vc é de outra geração?
Anna diz:
estou ficando desconfiada
Julio diz:
mais de 3 anos de diferença é outra geração
Julio diz:
provavelmente só viu transformers agora que chegou no cinema.
Anna diz:
não vi transformers
Julio diz:
outra geração
Julio diz:
fato
Anna diz:
pronto solucionamos todos os problemas
Julio diz:
bacana...
Anna diz:
irado
Julio diz:
eu nao estou zangado não.
Anna diz:
quem falou que vc tá?
Julio diz:
vc, qd disse irado
Anna diz:
irado é bacana na minha geração
Julio diz:
aaaaah não sabia
Anna diz:
outra geração
Julio diz:
outra geração. fato.
Anna diz:
geração do julio (imigrantes do nordeste) vê transformers, compra cd, fala bacana
Julio diz:
nao sei se é minha geração
Julio diz:
a maioria já pirateia as coisas
Julio diz:
as pessoas pirateiam, compram drogas...tá tudo errado. tuuudo errado. mundo tá de cabeça pra baixo.
Anna diz:
vamos todos ficar caretas
Julio diz:
depois não reclamem qndo o poste mijar no cachorro, qndo tiver fila na igreja só para comer ostia...
Anna diz:
hahahahha
Anna diz:
julio, tenho que te contar um segredo
Julio diz:
por favor
Anna diz:
muita coisa mudou neste tempo em que vc andou pelo mundo
Anna diz:
os indies estão aí
Julio diz:
os postes já estão mijando nos cachorros
Julio diz:
eu lembro qndo li no jornal que um porteiro paraiba viu um tubarao na praia da barra.
Julio diz:
mergulhou, deu uma gravata no tubarao, meteu um monte de soco nele. e trouxe o bicho pra areia
Julio diz:
entrevistaram o paraiba e ele respondeu "o bicho é tinhoso, mas eu sou mais"
Anna diz:
haahahaha
Julio diz:
isso deve ter uns 5-6 anos.
Anna diz:
não tenho memória dessa época, as drogas não deixam
Julio diz:
de lá pra cá, as coisas ficam cada vez mais esquisitas.
Anna diz:
imagino , deve realmente ser um espanto acompanhar a evolução
Anna diz:
foi bom falar com vc, mas os indies me esperam
Julio diz:
vamos nos falar até sabado né. tem que ver esse negócio do casamento
Anna diz:
demoro, nos falamos
Anna diz:
demoro = legal
Anna diz:
beijos
terça-feira, 24 de julho de 2007
Central de atendimento ao consumidor
**
Da série "não consigo parar de ler": Como fazer uma canção , por Elvis Costello
sexta-feira, 20 de julho de 2007
Na praia (momento resenha de livros)
Lentamente, McEwan narra a noite das núpcias dos dois jovens que ali, parados, inexperientes, não sabem o que fazer. A história é simples: a primeira vez de um jovem casal. Mas o narrador vai construindo a cena com tamanha delicadeza que captura o interesse do leitor. Descreve um beijo, que poderia ser mostrado com apenas oito dígitos, em página inteira. Isso porque detalha cada momento, com minúcias: "Com os lábios firmemente colados nos dela, devassou-lhe o fundo carnudo da boca, e em seguida fez um movimento circular por trás dos dentes da arcada até o vazio onde três anos antes um dente de siso crescera torto, para acabar removido sob anestesia geral". A história entrelaça sensações e sentimentos que se misturam com as sensações e sentimentos do próprio leitor. A precisão dos detalhes faz da cena principal quase um ensaio de cinema. A narração é construída de modo a que sejam dadas informações da vida dos personagens, adiando desse a concretização do ato em si. Com isso, o narrador cria um jogo temporal que justifica os medos e angústias dos personagens diante da sua própria castração. O que é fundamental, já que são as suas historias que eles carregam para dentro do quarto de hotel. As diferença ficam claras. Apesar de ambos terem passado a adolescência em Londres, cada um tem o seu mapa da cidade. Um definitivamente não coincide com o do outro. Enquanto ela mora em um albergue severo para moças, praticando quatro horas de violino por dia, ele estuda história do outro lado da cidade, com os hormônios ávidos para se libertarem. Ela ouve os clássicos: Mozart, Beethoven. Ele: Stones, Beatles. Então, estão eles lá, no quarto, com suas diferenças, frente à frente, tentando ao máximo esconder seus medos. O medo dele vinha da ansiedade, da inexperiência. O dela vinha de sua rigidez, de sua sensibilidade feminina. Os dois medos não se entendem. Ele, ingênuo demais, é um homem no cio. Ela, racional demais, sente dificuldade de se entregar. Por terem tempos diferentes, ela se sente oprimida pelas expectativas dele e, interrompendo o sexo, sai em disparada em direção à praia. Ele, humilhado, vai atrás. Ela precisava de um tempo para entender. Ele queria explicações dela para entender.
A retomada da cena é uma revisão da vida dos personagens. Revisão que passa lentamente, como que para dar sentido às escolhas feitas no passado. Sabemos que a cena já se perdeu no tempo quando, mais velho, Edward retoma o momento de suas núpcias não realizadas. O narrador, que antes era democrático, agora fala pelos sentimentos revisitados. É como se, dando um gosto de presente à cena passada, tentasse dar sentido a sua vida, que corre veloz, em apenas quatro páginas, nas quatro últimas páginas da narrativa.
quinta-feira, 19 de julho de 2007
Um pé depois do outro
Você me faz falta. Você me fez falta antes que eu te conhecesse. Você me faz falta agora. Isso significa refazer um trajeto. Voltar a você e à falta que você me fez e me faz e há de me fazer sempre. Mesmo que eu esteja ao seu lado. Mesmo que eu sinta a sua mão dentro da minha e o seu corpo fabricando ondas de calor. O suor discreto da sua mão dentro da minha.
Há outro modo? Se é preciso (e é preciso) ter você, há outro modo?
E SE não houver outro modo?
E SE a passagem que podemos fazer um pela vida do outro for esta? Apenas esta? A passagem do viajante?
E SE eu continuar a desenhar você obsessivamente, como fiz durante um ano, pelos próximos dez ou vinte ou trinta?
E SE nos encontros não vierem com o rótulo da família, do cartório, da aliança, da hora do jantar, do jornal à porta pela manhãs, das compras de supermercado, dos chinelos ao pé da cabeceira, da tábua do vaso do banheiro, das escovas de dente, da biblioteca e da discoteca, dos recados presos na geladeira, das xícaras de café sobre a pia com um círculo preto ao fundo, da toalha de banho habitual, do habitual lugar à mesa, da marca preferida de xampu, da secretária eletrônica, da regulagem da torradeira e do retrovisor do carro, das contas ao final do mês, dos amigos em comum?
E SE for preciso assumir a fragilidade de nós mesmo na fragilidade daquilo que somos juntos? Viajantes?
(...)
A viagem nos ensina algumas coisas. Que a vida é o caminho e não o ponto fixo no espaço. Que nós somos feito a passagem dos dias, dos meses e dos anos, como escreveu o poeta japonês Matsu Bashõ num diário de viagem, e aquilo que possuíamos de fato, nosso único bem, é a capacidade da locomoção. É o talento para viajar.
:: Transcrever aqui este trecho de Adriana Lisboa, em Rakushisha, foi inevitável. Estou contaminada pelo que estas palavras significam lado a lado. Não consigo parar de repeti-las, e de lê-las, relê-las. Para andar, basta colocar um pé depois do outro. Um pé depois do outro. Não é complicado. Não é difícil. Dá para ter em mente pequenas metas: primeiro só a esquina. Ou a melhor das viagens, aquela em que não é preciso sair do lugar.
segunda-feira, 16 de julho de 2007
Maracujá, abacaxi, melancia e um limão OU O dia em que ganhei um cd do Songoro Cosongo
sábado, 14 de julho de 2007
Queimando o livro (até a última ponta)
Americana maluca lança livro em que diz, entre outras coisas, que na primeira transa as mulheres só devem fazer papai-e-mamãe. E também aconselha que as mulheres enganem os homens. Faça respiração de ioga para ler esse texto
Nunca um livro causou tanta indignação na equipe da TPM como Pense como um homem e conquiste o seu, de Giuliana DePandi. Prontas para as pérolas? "Não se mostre muito interessada em crianças, bebês e cachorrinhos. Não fique toda melosa - ele vai achar que você está louca para ter um filho." E, na dica 24, assusta de novo: "Na primeira transa, não faça nada ousado demais. Você vai ficar parecendo uma vadia. Fique no papai-e-mamãe o máximo possível... Sempre que ele tentar alguma coisa ousada, diga a ele que está com vergonha, assustada ou que aquilo parece 'indecente'. Sim, finja que você é frígida, não goze, não aproveite. Homem não gosta de mulher que gosta de sexo e o que importa é agradá-los para conseguir casar, nos ensina a autora deturpadora! "Nunca, de jeito nenhum, beije no primeiro encontro" (bem, então não é primeiro encontro). A pior de todas: "Não termine o namoro, a menos que tenha outro em vista." Ela diz que a gente deve, enquanto está namorando, ter um substituto em mente. Claro, esse homem estepe deve ser mais gostoso (ou mais rico) que o anterior. Vamos queimar este livro com toda a nossa ira!
*Nina Lemos, para TPM nº67
Se a minha mãe falasse inglês, eu teria certeza que ela andou conversando com essa tal de Giuliana. Será que elas se falaram em francês? É bem verdade que há anos mamãe tenta me ensinar algumas dessas regrinhas. É mais verdade ainda que no final da conversa eu sempre acabo fazendo o que quero, mas admito que muitas vezes o que quero é segui-las. Não porque esteja querendo conquistar o mané, mas porque simplesmente não rolou clima suficiente para um beijo no primeiro encontro (e isso não significa que não vai rolar no segundo); porque crinças e cachorrinhos não me interessam at all, já bebês é outra história; porque às vezes eu realmente fico com vergonha quando os meninos tentam algo ousado (e até tenho ataques de riso); porque são tantas as vezes que tenho preguiça de explicar pro cara que não concordo nadinha com o que ele está falando, que prefiro concordar do que entrar numa discussão infinita, que possa até desagüar no fim do namoro. E aí ferrou, porque como sou uma das pessoas mais monogâmicas que conheço, nunca tenho um estepe. Ou pelo menos, nunca SEI que tenho um estepe.
Otras cositas más que mummy tenta me ensinar há 24 anos e que eu teimo em não aprender: Mulher baixa deve sempre andar de salto alto, mas meus pés não agüentam. Mulher não deve ir a programas com a mesma roupa do trabalho, antes de ir, deve sempre passar em casa para tomar um banho. O que ela não entende é que o trio hora extra, não remunerada, é claro, + trânsito + túnel ou niemeyer não permite. Mulher que é mulher não vai a encontro de alguém, esse alguém sempre deve buscá-la em casa. No encontro, assim como em festas, mesmo que esteja com muita fome, a moçoila não deve se alimentar, nem beber. Mesmo se estiver muito irritada, é expressamente proibido levantar a voz ou ser de alguma forma ríspida. Mulher não fuma em pé (vai entender?!). Mulher não deve ganhar ou trabalhar mais do que o homem, nem ter muita opinião sobre nada. A frase "Sim, meu amor", seguida de um leve sorriso entre os lábios, bem no estilo Monalisa, deve ser a frase mais usada por uma mulher maravilha. O dinheiro de uma mulher não deve ser gasto em livros, mas sim em acessórios e roupas. Mas atenção: roupas da Maria Bonita Extra, modelitos com volume ou que sigam muito a moda, não valem. Homem gosta mesmo é de mulher clássica, e nos piores casos cafona, já que preferem as roupitchas apertadas. Mulher com M maíusculo deve sempre estar com cabelos penteados, unhas feitas, cheirosa, maquiada e com a depilação em dia. Não importa se você acabou de passar duas semanas na Amazônia: se você não é macho essas são apenas algumas de suas obrigações. Aliás, Amazônia só se for em hotel 5 estrelas.
quarta-feira, 11 de julho de 2007
De bolo de laranja, nem as formigas gostam OU O mistério das formigas gigantes
:: Ao contrário do que dizia a escritura na parede do Les Artistes, as formigas gigantes gostam muito de bolo de laranja. E eu também, principalmente se tiver aquele açúcar por cima. Devo ser uma formiga gigante. Aliás, nunca mais comi um bolo de laranja como o do Vicente.
:: Lembrei: Querida, encolhi as crianças.
sábado, 7 de julho de 2007
O grito
sexta-feira, 6 de julho de 2007
Depois do rosa blush, a moda é azul bic
Quando a gente menos espera vem uma poerinha e cai no nosso olho, mudando todos os conceitos primordiais da visão humana. Essa é a principal lei de Murphy, toda partícula que voa encontra um olho. Mas para isso o olho deveria estar aberto. O meu nem tava tanto, acho que tava piscando, mas mesmo assim a micro-partícula entrou. Desde então nada tem sido o mesmo. Ainda estava bem cedo quando decidi sair de casa usando os óculos de grau, aqueles mesmos que uso para ficar em casa. Virei a esquina e lá estava ele. Aposto que só porque estava usando os tais óculos caseiros, só porque a poerinha entrou no meu olho, só porque o mundo tem se mostrado diferente nas últimas semanas. E logo agora, que eu já esquecera de procurá-lo em cada esquina, de o confundir com cada corpo moreno correndo na praia, com cada olho verde, com cada risada gostosa, aperto carinhoso, beijo molhado. Já tinha até esquecido como era bom deitar em seu peito, o Flamengo já estava perdendo a importância e Jeeps não chamavam mais tanta atenção. Tudo estava ganhando mais cor, as lentes de contato tinham ficado ao lado da pia do banheiro. Passei longe, camuflada entre as cores da cidade aos primeiros raios de sol da manhã. Não dá para usar óculos escuros por cima de óculos de grau. O fundo dos meus olhos doem com a luminosidade do dia de sol. Acho que não estavam mais acostumados a tantas cores. Meu segredo é ter olhos verdes e ninguém saber, como a Clarice. As imagens ainda estavam meio turvas devido a claridade da vida nas últimas semanas, mas mesmo assim eu consegui ler a contracapa daquele livro perdido naquela mesa cheia de livros. No topo da pilha de cores. Capas coloridas estão na moda. Uma história de amor narrada por alguém que tenta se enviar para Anna em palavras. Alguém é a multiplicidade de si mesma, enrodilhada em nossos temores e alegrias efêmeras. Seu estado é sempre o de um equilibrio precário, como os objetos do quarto onde se encerra e gira infinitamente, como amor que busca sem cessar, como a própria existência da escrita, as palavras rudes e deslizantes expondo seus limites mas também incitando o leitor a mergulhar em sucessivos devaneios críticos com sabor de redenção. Acho que é isso. Tenho tentado me enviar a mim mesma, mas não consigo. Não reconheço o remetente, o destinatário e muito menos o endereço.
terça-feira, 3 de julho de 2007
Sete razões para amar morar no Rio
Enfim, ter uma vida à la bossa nova.