sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Saldo das férias (até agora)

36 horas para fazer o que quiser. 3 horas de exercícios aeróbicos, 2 horas de musculação, -2 dias sem doces e frituras, 4 novos amigos, 1h30 de aula de samba de gafieira, fim do trauma de infância de não saber bater palmas no ritmo da música, grandes probabilidades de ficar viciada em dançar, infinitos minutos de riso descontrolado, plano Tim Festival organizado, 100% de surpresa com a genialidade dos Simpsons (só agora?, você deve estar pensando. Perder o preconceito não é fácil, eu respondo), 2 garrafas de vinho, 1 tênis novo, 1 momento flerte (que eu preferia que não tivesse acontecido), 80% de abertura a novos relacionamentos (20% de proteção, para se tudo der errado...), 1 currículo enviado para o emprego da minha vida, 1001 possibilidades de tudo mudar no próximo segundo.

sábado, 25 de agosto de 2007

O perigo do tédio (da série: a vida debaixo do viaduto)

O tédio pode fazer as pessoas se apaixonarem. Esse é o grande perigo das tardes de sábado
passadas em branco na redação de um jornal. O plantão estava entediante. Eu já havia cavucado o orkut de todos os meus ex-namorados, ex-ficantes, ex-amigos, e futuros ex qualquer coisa; já havia descoberto coisas que não queria saber, coisas que não me importava saber e mais algumas sem nenhuma relevância. Já tinha lido os blogs de todos os conhecidos e daqueles que espero conhecer um dia. Fuxiquei fotologs de pessoas que não imagino quem sejam. Anyway, no meio do maremoto que o tédio pode causar, um raio de luz atingiu a minha mente e tive o melhor insight da minha vida: o Antonio Prata é a minha alma gêmea. Agora, não tenho a menor idéia do que farei com essa informação. Nem com as outras que descobri...

Sem ignorarmos o fato de que o Antonio acabou de voltar da China, e eu ainda sonho em ir pra lá; que ele é escritor, e eu ainda sonho em ser; que ele está escrevendo um romance, e eu ainda quero escrever, somos almas gêmeas.

Por exemplo, na quinta-feira, depois de mais uma noite com três pessoas dançando na pista da Pista 3, tive uma sensação que vem se repetindo incessantemente, mas nada do mundo me fazia conseguir colocá-la em palavras. O Antonio conseguiu, leia "alguma coisa melhor para fazer", no blog dele. É praticamente a versão masculina da minha história.

"tive o primeiro lampejo existencial e me dei conta de que estava atravessando uma noite absolutamente vazia e sem sentido ao fim da qual minha vida não haveria mudado nem um milímetro, apenas minhas roupas teriam um terrível cheiro de cigarro. Será que eu estaria atravessando uma vida absolutamente vazia e sem sentido?"

O ministério da saúde adverte: Saber tantas novidades sobre tantas pessoas ao mesmo tempo,
e não ter nada além delas para pensar,pode causar sério problemas mentais.

Carta aos que foram

Galera,

O sábado amanheceu deslumbrante. Eu amanheci no jornal, vocês embriagados em Paraty. Da janela da redação vejo os jambeiros e amendoeiras dançando ao som da leve brisa quente, típica de um dia de verão. Os raios de sol da manhã fazem o lado de fora parecer o sonho que eu não tive essa noite. Vanilla Sky. Minha vizinha de mesa abre uma tangerina que impesta o ar com o aroma cítrico. Não há dúvidas que estou no Brasil. Ontem, a cantina serviu feijoada. Mas o chope na saída do trabalho, eu recusei. Queria estar com vocês tomando cachaça em Paraty. Passear no Love boat em águas claras. Mas estou no jornal. Não tive muita escolha. Era isso ou rua. Quase escolhi rua. Se tivesse coragem suficiente para protestar... Se fosse carnaval... Enfim. Jornalista que late, não morde. Aproveitem muito a viagem, lembrem de mim e tragam uma cachaça de souvenir. Quem sabe semana que vem vamos à Búzios? Ainda há esperança. Sempre. A cada minuto temos uma nova chance de mudar nossa vida inteira.

Um beijo,
Escrava Isaura

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Trabalhar ou protestar, eis a questão

Estou sem inspiração porque trabalho mais de 14 horas por dia há mais de 2 semanas sem intervalo. Não tenho palavras para descrever a decepção de conseguir uma semana de férias, e ela cair justamente no fim de semana do plantão. Tenho dúvidas se neste caso protestar é infantilidade ou ato louvável. Estou pensando seriamente em greve. Será que eles me mandam embora se eu simplesmente não vier? Vou pagar para ver e talvez virar mártir. Aí, daqui há alguns anos, quando alguém se sentir injustiçado em ter que trabalhar no fds durante as férias(isso não faz o menor sentido), alguém dirá: "Reza a lenda que uma garota faltou o plantão e nunca mais conseguiu um emprego". Ou então, alguém lerá o meu currículo pensando: "Acho que é aquela garota que se rebelou e faltou o plantão. Nem pensar contratá-la".
Esse tipo de coisa acontece porque na verdade ninguém luta mais por nada. Continuamos vivendo na época da escravidão e não sabemos. Quer dizer, eu sei: muito prazer, escrava Isaura. E também porque a nossa geração não sente mais nada, não se mobiliza, não age. Um bando de gente que vive na inércia e se espanta ao ver alguém chorar. Quer saber: eu sinto. Amo o meu trabalho, mas estou no limite. É férias ou morte.

"Tudo o que é realmente grande e inspirador é criado pelo indivíduo que pode trabalhar em liberdade" A. Einstein

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

(No) me gusta

Eu não gosto de você, porque a sua casa é uma bagunça; porque tem um riso que é constante, meio grave e irritante; porque tem mania de soltar uns pigarros de cinco em cinco minutos; porque me chamou sem eu te dar a menor bola; porque faz isso com todas; porque me faz sentir especial; porque me faz sentir uma na multidão; porque estica a mão dura e carrega a escova de dentes munida de pasta no meio de todos como se não houvesse; porque chega de mau humor; porque tem uma calça jeans que me irrita; porque tem um andar desengonçado; porque fala alto; porque fala baixo; porque tem um toque de celular tão chato daqueles que ficam na memória, uma vez que ele não pára de tocar; por causa das verdades absolutas; por causa da (i)maturidade; porque me chama pelo meu nome e sobrenome; porque é indisplicentemente requintado ou refinadamente indisciplinado; porque tem um humor sarcástico; porque é roquenrol; porque é bossa nova; porque quer saber o porquê de tudo que não devia; porque eu entendi que você é desse jeito.

E o pior de tudo é que eu gosto de você exatamente pelos mesmos motivos.

"Porque tudo que eu gosto é ilegal, é imoral ou engorda."

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Descompasso

Só lembro dos filmes que quero assistir quando não estou na locadora. Só encontro roupas que eu quero comprar quando não tenho dinheiro para adquiri-las. Só ando com minha bolsa equipada quando não preciso de nada. Só tenho o telefone de alguém quando não preciso telefonar para este alguém. Só encontro a frase certa que eu tinha que falar depois que eu já falei alguma asneira. Só passo pela lavanderia quando estou sem roupas para lavar. Só encontro aquele cara, aquele que eu passei meses tentando forjar um encontro, quando ele já é só uma poeira cósmica na minha vida. Só encontro R$ 10 em algum bolso perdido do casaco quando tenho dinheiro suficiente na carteira. Só recebo aquela ligação que eu esperei durante dias quando ela não vale mais um segundo da minha lembrança. Só me aceitam NO emprego da minha vida quando eu já tive que aceitar àquela proposta mais ou menos. Só tenho idéias de posts incríveis quando não estou na frente do computador.

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Coisa de menina

O mais engraçado era como ele dizia àquelas frases. Não sei porque falava com tanta certeza e confiança que eu acreditava em cada vírgula, cada ponto de exclamação. Até porque, naquele discurso não havia espaço para interrogações, embora as dúvidas reinassem dentro de mim. Passado algum tempo, agora sou quem tenta convencê-lo de suas próprias convicções, de suas próprias certezas, que agora já são minhas também.

Saudades de mim

Me falaram que o Sérgio Rodrigues parece o Leôncio do pica-pau e quando eu falei Leôncio, soou como onço e imediatamente senti saudades de mim na época em que eu e você estávamos juntos. Sabe onço, o amor nos tira do sério. As coisas que fazíamos naquela época, os apelidos, as cartas, os beijos, os banhos, as camas, os chãos, as mesas, as cadeiras, os ônibus, as trilhas... as caronas na estrada de baixo de chuva, as caminhadas do Centro ao Flamengo, as horas e horas de leitura na rede. Ah a rede.... Sabe que não foi fácil te encontrar. Te reencontrar foi ainda mais difícil. Tenho sentido muita saudade de mim. Da coragem de dar o salto, de largar as mãos do trapézio, de arriscar e me aventurar para sempre. Saudades de inventar apelidos. Saudades de ser ridícula sem sentir. Onço é ridículo. Mas eu amo onço. E te estranhei. Te reconheci de longe pelo andar, mas a medida que a imagem se aproximava te vi como outro. Três anos fazem diferença, não é? Mas há tanta coisa que hoje é tão minha, mas que só apareceu por sua causa. Você me ensinou a fazer renda e eu te ensinei a namorar. Te ensinei bem? Como anda o seu namoro? Por um tempo eu consegui tecer as nuances do pôr-do-sol, o vento na cara, a nova literatura. Mas apesar de continuar observando a lua quando cheia, a vida tem começado a dar nó. Estou com saudades de mim. Estou com saudades de mim com você. Estou com saudades de mim apaixonada por você. Pena que hoje somos outros. As tardes na cama, as invenções gastronômicas, as viagens ao léo e todo o resto não cabem mais no mesmo lugar. O seu cabelo cresceu de novo. O meu também. Saudades onço. Saudades da pessoa que não posso ser mais. Saudades de mim. Saudades da pessoa que você não pode ser mais. Saudades de você. Saudades de nós. Saudades da vida que ficou para trás. SaudadeS com S porque é mais gostoso de falar.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

O salto, de Antonio Prata

A gente não tem como saber se vai dar certo. Talvez, lá adiante, haja uma mesa num restaurante, onde você mexerá o suco com o canudo, enquanto eu quebro uns palitos sobre o prato -- pequenas atividades às quais nos dedicaremos com inútil afinco, adiando o momento de dizer o que deve ser dito. Talvez, lá adiante: mas entre o silêncio que pode estar nos esperando então e o presente -- você acabou de sair da minha casa, seu cheiro ainda surge vez ou outra pelo quarto –, quem sabe não seremos felizes? Entre a concretude do beijo de cinco minutos atrás e a premonição do canudo girando no copo pode caber uma vida inteira. Ou duas.Passos improvisados de tango e risadas, no corredor do meu apartamento. Uma festa cheia de amigos queridos, celebrando alguma coisa que não saberemos direito o que é, mas que deve ser celebrada. Abraços, borrachudos, a primeira visão de seu necessaire (para que tanto creme, meu Deus?!), respirações ofegantes, camarões, cafunés, banhos de mar – você me agarrando com as pernas e tapando o nariz, enquanto subimos e descemos com as ondas -- mãos dadas no cinema, uma poltrona verde e gorda comprada num antiquário, um tatu bola na grama de um sítio, algumas cidades domesticadas sob nossos pés, postais pregados com tachinhas no mural da cozinha e garrafas vazias num canto da área de serviço. Então, numa manhã, enquanto leio o jornal, te verei escovando os dentes e andando pela casa, dessa maneira aplicada e displicente que você tem de escovar os dentes e andar ao mesmo tempo e saberei, com a grandiosa certeza que surge das pequenas descobertas, que sou feliz.Talvez, céus nublados e pancadas esparsas nos esperem mais adiante. Silêncios onde deveria haver palavras, palavras onde poderia haver carinho, batidas de frente, gritos até. Depois faremos as pazes. Ou não?Tudo que sabemos agora é que eu te quero, você me quer e temos todo o tempo e o espaço diante de nossos narizes para fazer disso o melhor que pudermos. Se tivermos cuidado e sorte – sobretudo, talvez, sorte -- quem sabe, dê certo? Não é fácil. Tampouco impossível. E se existe essa centelha quase palpável, essa esperança intensa que chamamos de amor, então não há nada mais sensato a fazer do que soltarmos as mãos dos trapézios, perdermos a frágil segurança de nossas solidões e nos enlaçarmos em pleno ar. Talvez nos esborrachemos. Talvez saiamos voando. Não temos como saber se vai dar certo -- o verdadeiro encontro só se dá ao tirarmos os pés do chão --, mas a vida não tem nenhum sentido se não for para dar o salto.

domingo, 12 de agosto de 2007

Há dois tipos de segredos:
aqueles que escondemos dos outros,
e aqueles que escondemos de nós mesmos.

Não quero pensar sobre isso agora.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Mais um ciclo se completa

O mistério foi solucionado. O abrigo de inverno nº 2007 das formigas gigantes está localizado na terceira prateleira, de cima para baixo, da parte direita do closet do meu quarto, atrás da pilha de camisetas de tom verde/azul. Já mandei exterminar. Agora, só no inverno do ano que vem. O que significa que o projeto musa do verão 2008 deve começar imediatamente. Será que existe um AA para pessoas que comem compulsivamente?

Secret du jour: coincidência, ou não, este é o qüinquagésimo post deste blogue. Início de um novo ciclo, fato.

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Como dois e dois são cinco

Ninguém precisa ler Nieztche ou Foucault para saber que uma coisa só começa quando a outra está devidamente terminada. Essa idéia tão simples, sabedoria nordestina, me atormenta o pensamento. Quase uma equação insolúvel. Eu aqui, tentando entender as oscilações dos planetas, as máximas filosóficas, as sabedorias mitológicas, e não consigo compreender uma coisa tão simples. Como diria meu avô que nasceu no sertão da Bahia: Tá amarrado!!!!

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

O Momix me fez dançar

Não sei porque não ouvi minha mãe e continuei no balé. Não sei porque não ouvi minha mãe e continuei na natação, no tênis, na aula de piano...e por aí vai. Sou do tipo que vai a um show e sonha com a idéia de ser uma cantora. Pelo menos por um dia, vai. Quando vejo aquela final de tênis, penso que se me esforçasse um pouco, só um pouco, poderia estar me vendo numa final. Ai, mas...quando vejo um espetáculo de balé, meu coração dispara, meus olhos vibram, remelexo meu corpo todo com uma vontade enorme de estar no palco. Por mais que eu seja uma dessas pessoas vira-casaca, que quer o tempo inteiro o que não tem (bem que meu pai falou para eu ser um pouco mais persistente), com o balé o negócio é sério! Talvez seja porque foi com o que eu cheguei mais próximo de algum lugar (se é que isso quer dizer alguma coisa). Fiz balé dos dois aos quatorze anos. Bem naquela fase pré-adolescente em que as espinhas não acompanham o desejo de estar bonita, em que a boca está grande e o nariz pequeno e vice-versa. Aquela fase que você acha que já ficou adulta o suficiente para escolher o que quer da vida, e com certeza quer mudanças radicais. Dito e feito, saí das minhas aulas de balé. E hoje, depois de assistir ao belíssimo Momix, não pude deixar de sentir esta sensação recalcada de incompletude. Que coisa mais linda! Adoro essas danças modernas em que a luz, o cenário, o figurino, os objetos de palco, tudo faz e completa o espetáculo. Fui assistir ao Opus cactus, onde o deserto é o cenário e os bailarinos, através da dança, simulam árvores, "dinossauros"(foi o que me pareceu), serpentes e flores. Uma beleza! Aqueles corpos que se entrelaçam e, juntos, vão formando os cenários, os bichos. Sozinhos, eles seriam dança. Juntos, eles são animais dançantes, árvores que balançam, serpentes que rastejam. E eu alí na platéia, mais especificamente na primeira fila, estupefata com todo aquele pas-de-deux moderno que meus olhos observavam. Daquela posição em que me encontrava, podia ver tudo nos mínimos detalhes, como os sorrisos largos, os corpos minuciosamente delineados, os passos delicados e fortes, a força que me parecia fácil. No final, foi tudo tão intenso, que eu até me esqueci que queria estar do lado de lá. Porque mesmo sentada na platéia, o Momix me fez dançar.

Life's good technology


Vou ter que comprar um laptop só para poder usar o celular novo. O aparelhinho lê pdf, excel, word, tem pen drive, memória externa, saída usb, tem bluetooth, leitor de mp3, câmera de vídeo e foto, gravador de voz, modo avião, e outras coisitas que eu não faço a menor idéia de como usar. Há algo de muito suspeito nesse presente, será que existe um rastreador por trás de tudo isso? E o pior, a Vivo ofereceu o mesmo modelo de graça pro meu irmão! Com certeza há algo estranho aí. Quem sabe um convênio com lojas de computadores.... Preciso urgentemente de um laptop. Depois vou querer um ipod último modelo, uma nova câmera fotográfica e de vídeo. Ser uma pessoa multimídia faz total parte dos planos profissionais. Uma máquina de teletransporte e invisibilidade também não seria nada mal. Só descobri hoje que LG significa Life's good...

domingo, 5 de agosto de 2007

Ah se ela soubesse...

Há exatos 45 anos Vinicius de Moraes fazia sua primeira apresentação pública. Ao seu lado estavam João Gilberto, Tom Jobim, o grupo Os Cariocas, entre outros mestres da Bossa Nova. Era primeira vez também que "Garota de Ipanema" foi cantada em show. Quase meio século depois, a rua que leva o nome do compositor virou palco para festa. Na calçada em frente à livraria Toca do Vinícius, mais de 500 pessoas acompanharam em pé e debaixo de chuva as notas tocadas por Os Cariocas.
O cantor e compositor Tito Madi foi um dos que prestigiaram mais um ano na terceira idade da Garota de Ipanema, mas acabou sendo também homenageado por conta de seu aniversário. Pelo telefone celular, ouviu o público cantar em alto tom "Parábéns pra você". Outro músico, Júlio Carvana, filho do ator Hugo Carvana, também esteve ao evento como quem cumpre uma rotina: vizinho da Toca do Vinicius, ele tem o privilégio de, muitas vezes, escutar os shows da janela do seu apartamento.
– Assisti a quase todos os shows realizados aqui durante minha vida. Não podia faltar a esse de jeito nenhum – diz.
A primeira apresentação de Garota de Ipanema aconteceu em 1962, na boate Au Bon Gourmet, em Copacabana. A temporada de shows no local durou 45 dias e refletiu a época de ouro da Bossa Nova. No repertório também estavam "Só danço samba", "Samba do avião", "Samba da benção" e "Astronauta".
– Ipanema é o berço intelectual da Bossa Nova. Pessoalmente acho o "Samba do avião" a música mais bonita, mas "Garota de Ipanema" é internacional e dá relevo à realidade local do bairro —, opina Carlos Alberto Afonso, dono da Toca do Vinícius que promove shows no local uma vez por mês.
Grandes nomes da música como Toquinho, João Donato, Wagner Tiso e Quarteto em Cy já se passaram por lá. A livraria é um estabelecimento inteiramente voltado para a música brasileira. Durante seus 14 anos de existência – a serem completados em setembro – a Toca do Vinicius é um dos principais alicerces da história do gênero atuando em prol do fortalecimento da cultura local. Para o escritor e jornalista Ruy Castro, autor do livro "Chega de Saudade: A História e as Histórias da Bossa Nova", o ritmo é um gênero musical que não cabe maiores discussões.
– O Brasil não vai descansar enquanto não acabar com o Rio, o carnaval e a Bossa Nova. Mas o que impressiona é que existem mais discos de Bossa Nova vendendo nas lojas hoje do que em qualquer outra época. O gênero está aí e vai ficar para sempre - diz.

***

Secret du jour: quero ser musa inspiradora de Tom e Vinícius. Quando eu tinha uns oito ou nove anos fui escolhida pela turma do colégio para ser a Garota de Ipanema numa apresentação de final de ano da escola. A única pessoa que suspirou ao me ver passar foi minha mãe... ela até chorou.

Dica du jour: Vale a pena entrar no site da Helô Pinheiro. É de morrer de rir, tem até blog com fotos do aniversário da filha dela, um coleção cafonérrima de biquines, entre outras bizarices.

sábado, 4 de agosto de 2007

...A vida depois do vidauto (continuação do texto abaixo)

A Bella não abandonou, a Bella percebeu que era que nem esses insetos que caiam de para-quedas debaixo do túnel. E, quando teve uma epifania, quis se mudar para outro lugar. E ai, finalmente se libertou. Mas, é claro, levou com ela todas as coisas, todas as pessoas, os banheiros sem papel, as comidas de avião, as conversas de messenger, as reuniões de pauta, as broncas , os fechamentos, os toques de celular do comercial. E, de supetão, depois de uma noite bem dormida, se preparando para mais um dia de trabalho, decidiu, ou melhor, entendeu que alguma coisa estava fora da ordem. E apartir dai tudo ficou claro. Simples. Foi só chegar e falar, com toda clareza que aquilo exigia. O dificil foi se despedir das pessoas, que começaram a fazer parte do dia-a-dia. Mas fácil, foi entrar no carro, atravessar os dois túneis, e voltar para casa. Enfim livre!

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

A vida debaixo do viaduto II

Quando vi um trio de formigas gigantes passeando pela tela do computador da redação, meu cérebro congelou e tudo o que consegui pensar foi na estranha razão pela qual esses insetos de médio porte atravessaram dois túneis e resolveram me acompanhar em mais um dia de labuta. O que eles levariam de mim desta vez? Tentando descobrir o motivo da invasão, desempilhei os jornais velhos, vasculhei a gaveta lotada de releases, desorganizei os catálogos das exposições, fiz uma limpa nos convites e atá apaguei e-mails datados. De nada adiantou. Esse ano elas estão impossíveis. Darwinianamente desenvolveram capacidades de construirem um ninho invisível ao meu olhar. Só mais tarde descobri o que mudaria naquele dia. A Bella foi embora. Acordou numa manhã de sol, olhou para o mar de Ipanema e decidiu de uma vez por todas que três meses vivendo debaixo do viaduto já eram mais do que suficiente para exaurir sua experiência jornalística. O processo de despedida foi simples. Basicamente, oi e tchau, estou aqui mas já de saída, bom dia e boa sorte. A Bella du jour pegou sua bolsa e sem olhar para trás se foi, deixando para sempre mapas astrais sem interpretação, pautas sem conclusão e uma parede de tijolinhos de artes plásticas por ser construída. Em compensação, sentiu-se livre. Free Bella. Foi viver o começo do fim de sua vida. Desde então a vida ali debaixo não tem sido a mesma. Vide o e-mail que circulou na redação a tarde de hoje. Devida a questões autorais, os nomes mencionados foram alterados. Segue o texto:

"Tá todo mundo arrasado com a saída da Bella, inclusive o XYZ. Apesar de sua blusa mamãe-sou-forte de cor coral florescente com bordas brancas denotar felicidade, as olheiras e a caixa de lexotan sobre o teclado transparecem seu real estado de espírito. Na verdade, não é fácil adivinhar o que o XYZ sente. Ele que passa os dias alheio aos gritos da Valéria, ao vento encanado do ar-condicionado e aos toques do celular das peruas do comercial, de olhos virados para a tela do PC, que por sua vez está virado para a parede. O sentimento de solidão e isolamento total das coisas do mundo se agravou qd soube que sua companheira de aventuras no fechamento da Programa, com quem esbarrava cotovelos há menos de três meses, se iria para sempre. Cogitou se matar. Visitou sites que falavam de magia negra e outros que calculavam o tempo exato que uma pessoa leva para morrer ao se jogar do primeiro andar da Brasil. Cogitou mergulhar fundo nas águas turvas e rasas do canal da Paulo de Frontin até que a última micrograma de oxigênio se esvaisse do corpo já vazio de esperança e joir de vivre. XYZ nunca irá se recuperar deste trauma. Nem com terapia comportamental, nem com bioenergética, nem com astrologia".

E mais conversas estranhas rolaram no msn entre cinco jornalistas:

Braile tá se sentindo excluída; ela faz umas correntinhas rasta na nossa comunidade; contextualizando; é q a gente vai pra santa, mas não é pra explanar nossos planos; desculpa esfarrapada; a gente vai virar uma comunidade braile; não se esqueçam que eu praticamente já morei em santa; é uma sociedade alternativa secreta; hj à noite; uma comunidade braile?; na cs do sé; pra kátia cega; como é isso?; cega e nua; braile já foi hippie; é verdade, passava todos os fds em santa; parapan; então jah eh; (símbolo de bonequinhos dançantes); (símbolo de menininha balançando a cabeça); (símbolo de homem de barba branca alisando a barba); olha a sacanagem; q sacanagem?; pai mei é o poder; é que eu to atrasada; cega e nua; a flávia tá com a bunda formigando; eta; qq coisa tb tem a baiana de acarajé embaixo da minha casa; zappa quebra caneta!!; acarajé!; vamos logo então, tchurma; estou indo nessa, tenho q dar uma passada na casa dos meus pais e dps encontro vcs, a Braile incluída; flávia só vai se for agora;
ela é mandona pra caramba; eu decreto, eu mando nesta merda; 1,2,3, levanta; vamos todos pra santa; xiiiii; eu não vou, já deixei de ser hippie há tempos; eu sou a chefinha; Rafael saiu da conversa; lá a gente brinca de pique; a zappa é minha testa de ferro; eu vou na minha festa high socciety; sobe nas árvores; vestida de estola de esquilo; não; vou sair dessa zona; muita fofocada; Carlos saiu da conversa; bjoooo e bom fds.