quinta-feira, 19 de junho de 2008

Coisas deleitáveis

Noite de lua cheia, acesso de riso, guerra de cosquinha com irmãos; acordar, tomar café-da-manhã e voltar a dormir mais um pouquinho, cheiro de lençol limpo, Chico Buarque, encontrar o Chico no Leblon, conhecer gente que conhece o Chico, as primeiras páginas de um bom livro (as últimas também), descobrir um bom autor, fogos de artifício quando você não esperava (e não é reveillon), sopa no inverno, água gelada no verão, tomar vinho na casa de amigos, tomar vinho a dois, descobrir algo novo em alguém que já se conhece há muito tempo, fim de tarde no Arpoador, tarde na praia com os amigos, almoço no Braseiro depois da praia, receber mensagem de texto, supercalifragilisticexpialidocious , gente que não dá corda quando eu faço tempestade em copo d’água, “vem aqui me dar um beijo”, homem quando acabou de sair do banho, homem que lê, homem que não precisa tirar onda que lê, homem low profile, homem que toca violão, horóscopo bom, roupa que era apertada e ficou larga, fotografia muito antiga, texto bem escrito, gente que lembra no dia do aniversário e liga para dar parabéns, declaração de amor, conhecer pequenos detalhes de outra pessoa, a Pedra da Gávea, crumble de maçã do café da Argumento, achar um bilhete antigo, brigadeiro com biscoito de maizena, fazer um pedido às 3h33, ver um tucano na árvore do jardim, o barulho do mar, dormir com chuva, edredom de pena de ganso, achar dinheiro no bolso da calça, ligação que você não esperava, ver flores na recepção e só mais tarde descobrir que são para você, receber flores em qualquer situação (menos em caso de morte), cheiro de pai, mergulho no mar, pacotinho de açúcar com dizeres como “beije mais” e “se apaixone mais vezes”, se descobrir apaixonado, conhecer uma nova pessoa, beijo bom, fofoca com amigas, novas boas amigas, amigos de infância, natação em dia de sol, o efeito da luz ao batendo nos ladrilhos do fundo da piscina, gente elegante, chapéu de palha, caderno novo, chegar da praia e tirar o sutiã do biquíni, tirar o salto depois da festa, lanchinho depois da festa, acordar com pessoa agradável ao lado, gente cheirosa, gente feliz com pouco, casa de avó, “eu te amo”, matar mosquito, João Gilberto cantando baixinho, conhecer gente de forma inusitada, pessoas com manias muito próprias, gente de personalidade forte, gente com argumento, cafuné bem feito, balas Boneco (ainda existem?), poder trabalhar de tênis, fazer pedido em cilho que caiu, a tua presença, sorriso de criança de rua, sentir frio na barriga quando o telefone toca, cantar para mandar a tristeza embora, sorriso que mostra todos os dentes, show do Caetano no dia do aniversário da Maria Bethânia, risoto de tinta de lula, camiseta velha, de não me arrepender de você (mesmo que tenha doído), a palavra travessura, chamar alguém de boboca, se perceber ser uma nova pessoa, planejar viagem, palavrão em momento de muita raiva, o momento que antecede o beijo, gente fantasiada pelas ruas do Rio durante o carnaval, déjà vu, o que nós dois fomos juntos, bate-papo de café, caneta Stabilo, Caetano dançando miudinho no palco, sotaque baiano arretado, serendipity, o vozeirão de Jorge Mautner dizendo “nesta noite de lua cheia há algo a ser lembrado: quando não houver mais fé nem esperança, o amor sempre resplandecerá”.

Um comentário:

Pedro Lago disse...

Não é nada difícil, falar das borboletas é que exige mais seriedade que falar do cais noturno. Na minha opinião.
:-)