segunda-feira, 14 de maio de 2007

Aí...

Aí, o Tom falou para a Clarice que ele e ela são seres rarefeitos que só se dão bem em determinadas alturas. Que deveriam se dar mais, a toda hora, indiscriminadamente. Aí, eu fiquei pensando que eles são o Jobim e a Lispector. Aí, eu pensei que não sou rarefeito e mesmo assim deveria me dar indiscriminadamente. Aí, eu me lembrei do buraco. Da queda. Do choro. Do infinito. Aí, eu pensei no Chico e me lembrei dos olhos nos olhos. Antes fossem os azuis do Buarque. Aí, eu comecei a ver os olhos em todos os lugares. Na final do Flamengo cheguei ao ápice. Os olhos proliferaram. Cada blusa rubro-negra, grito de torcida, gole gelado, rosto virado, eram seus olhos a me olhar. Being John Malkovich me levou à loucura. Olhos nos olhos, quero ver o que você diz. Aí, eu lembrei do silêncio. Do vazio que você me impôs. Do pôr-do-sol no final desta página. E do por quê eu não me dou nem discriminadamente.

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