quinta-feira, 24 de maio de 2007

Anjos do picadeiro



Foi ali mesmo, numa praça de Buenos Aires, em meio há literalmente quinhentas pessoas, que Maku disse eu te amo pela primeira vez. Quando o palhaço adentrou o círculo formado pela platéia, os olhos da menina brilharam. Sem conseguir se conter, ela olhou nos olhos do jovem palhaço e disse com todas as letras, sentimentos e borboletas na barriga que envolvem o momento: "eu te amo". O palhaço corou - Sim, é possível ver palhaços corar. Palhaços modernos não pintam o rosto, nem usam nariz vermelho -, e a platéia soltou um contínuo óóóóóóóóó. "Você é muito nova para mim, volte daqui há 20 anos", disse o palhaço. As lágrimas de Maku rolaram. Com apenas oito anos, ainda sem saber o que de fato é o amor, tinha dito o eu te amo mais sincero de sua vida. E sem saber, ouvido as palavras mais sinceras da vida do palhaço.

A trizteza de Maku teve o mesmo destino que a de muitas outras: com o passar do tempo foi esquecida. Por acaso, ou não (nunca de sabe), a menina de apenas 1,50m decidiu que tornaria-se palhaço. Isso mesmo, e que dissessem o que quisessem, sua vida seria um mundo sem fronteiras. Uma vida de gargalhadas e aplausos, afinal não é preciso muito mais que boas risadas e atenção para se ter uma vida feliz. E mais uma vez o tempo correu. Vinte anos depois, Maku estava em um festival de palhaços em Barcelona quando conheceu Chacovachi. O encontro deu-se como um encontro de almas. Maku tinha certeza de já ter visto aquele rosto antes, o jeito de manuzear os malabares, o jogar do corpo, o brilho de esperança nos olhos. Como um flash de luz a imagem clareou: Chacovachi era o responsável pela sua incapacidade de se envolver. Aos 28 anos, ainda não havia homem, nem mulher- ela até chegou a experimentar - que a tivesse feito perder a cabeça, ou melhor, o coração. E ali estava, bem diante de seus olhos, estava justamente ele: o palhaço que a abandonara. A sombra que lhe assombrava em sonhos. O homem que a impossibilitava de dizer eu te amo. Que ela nem mais sabia se era real ou fruto da imaginação. O primeiro amor.

Foi assim que, há 7 anos, Chacovachi e Maku Jarrak se conheceram. De lá prá cá muita coisa mudou. Pais de um bebê de quase dois anos, levam a vida viajando pelos quatro cantos do mundo promovendo espetáculos e oficinas. Destreza circense é apenas um pretexto para estar em cena e produzir uma grande festa popular. "Se não fôssemos palhaços, seríamos pessoas infelizes", revelou Chaco em entrevista a esse blógui.

O palhaço e sua mulher são um dos cômicos de rua mais célebres da Argentina. Durante 15 anos, Chaco se apresentou na Plaza Franzia, na Recoleta, em Buenos Aires. Mais de 500 pessoas assistiam seu espetáculo diariamente. "Se você vai a Buenos Aires, tem que ir a Plaza Francia. E aí estava eu. E tinha que ir. É a praça mais, de alguma maneira, “oligarca” que, com os anos, transformamos em popular e agora é super popular. Mas quando eu comecei era oligarca. Lá eu tinha a quem criticar, porque na esquina da minha casa eu não podia, porque não tinha jogo, eu conhecia, eu não podia criticar quem convivia comigo. E lá encontrei gente culta, porque é em frente ao Centro Cultural Recoleta, artistas iam me ver. Eu passei de algo talvez primitivo à vanguarda", lembra Chaco. Fundador do Circo Vachi e referência para sucessivas gerações de artistas argentinos, Chaco é um dos precursores da impulsão dos espetáculos de rua, circos e malabares no país.

No mês de maio, o casal aportou no Brasil para o lançamento da revista Anjos do Picadeiro 5, talvez a única publicação brasileira do gênero a refletir sobre os rumos da comicidade. Quem ainda está sem programa para esta sexta à noite, e estiver precisando dar umas boas gargalhadas, poderá assitir ao espetáculo de Chaco e Maku, na Noite de Gala Anjos do Picadeiro, na Fundição Progresso. E quem sabe, depois, a boa risada pode dar bons frutos durante o show do Songoro Cosongo, um septeto formado por músicos da Venezuela, Colômbia, Chile, Argentina e Brasil, residentes no Rio. Dizem por aí que a banda tem um estilo musical inconfundível: Psico Tropical Music. Você sabe o que é? Nem eu.

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A entrevista foi feita por e-mail, no dia 15 de maio de 2007.

Advertência: o diálogo a seguir não é indicado para aqueles que falam espanhol fluentemente. Pode conter milhares de erros.

Anna: Como y porque ustedes se han hecho payaso?
Chaco: Cada uno tiene una historia distinta, ya que nos hemos convertidos en payasos antes de conocernos. Pero si buscamos una respuesta que nos represente a los dos, creo que la unica forma de hacerse payaso callejero es sumando experiencia. El payaso de rua primero tiene que trabajar en la esquina de su casa, despues ir al centro de la ciudad, luego trabajar en lugares que nunca se imajino y al final vover a la esquina de su casa. Y si nos preguntan por que, es por que descubrimos un tezoro. Ser payaso callejero te da libertad fisica y economica. Puedes trabar en donde quieras y para sobrevivir depende solo de vos

Anna: Cuál es la diferencia de la apresentación de ustedes?
Chaco: Maku no habla y yo lo hago hasta por los codos

Anna: Si ustedes no fueren payaso lo que serían?
Chaco: gente muy insatisfecha

Anna: Como es criar uno hijo viajando por el mundo?
Chaco:
un privilegio para nustro hijo, viajar, conocer culturas y su gente es lo mejor. Como diria el principito de sant exupery ( no se si se escribe asi), el mayor privilegio de los artistas , son las relaciones humanas

Anna: El nino ya hace apresentaciones?
Chaco:
si, para nosostros. Con un año y medio sabe el poder de hacer reir

Anna: Como ustedes se conoceran?
Chaco: Maku me vio por primera ves cuando ella tenia 8 años , en una funcion callejera
( yo tengo 45 y maku 25 ), pero nos conocimos en un festival callejero ( fira de tarrega) en españa hace 7 año trabajando a la gorra en sus calles

Anna: Ya han trabajado en otras cosas que no sea como payaso?
Chaco: no, es lo unico que hicimos en nuestras vidas, pero en todas sus formas calles ,circos, teatros, solos y con companias

Anna: Cuál es el mas grande publico que ustedes han se apresentado?
Chaco: el mejor publico es el que no espera nada, el de la calle

Anna: Cuál es la diferencia entre el publico de la calle y la gente que paga para verlos?
Chaco: el publico de calle es mas sincero. Cuantas veces nos encontramos aplaudiendo , para no sentirnos unos tarados por haber pagado 30 reales por algo que no sabemos si nos gusto. En la calle si no le gusta, se va

Anna: Cuales las caracteristicas fundamentales que una persona hay que tener para ser un payaso?
Chaco: coraje, honestidad,locura, e instinto de supervivencia

Anna: Cuál es el sítio más interessante que ustedes han estado? Porque?
Chaco:
marrakesh , marruekos. Trabajamos en la plaza de la medina, en el casco viejo, al lado de encantadores de serpientes, y sacamuela. Ganar 3 dolares , pero con uno pagas el hotel con los dos restantes comes. Es como ganar 100 euros en amsterdam

Anna: Ustedes hechan de menos tener una casa?
Chaco: nosotros tenemos una casa hermoza en las afueras de buenos aires , donde vivimos cuando no estamos viajando. Es un poco todos los lugares que conocimos

Anna: Muchas personas piensan que los payaso son tristes por dientro. Ustedes sienten esta melancolia/tristeza?
Chaco: la teoria de que el payaso es triste , susede por que cuando vos ves a un payaso trabajar esta tan alto espiritualmente, tan inmune,tan feliz que cuando lo ves triste como cualquier persona es tan grande la diferencia que se crea el mito

Anna: Cuanto ganan en una apresentación?
Chaco: lo calle es redituable y justa, nadie gana mas de lo que vale

Anna: Si ustedes tuvieren algo más que piensen que sea importante, por favor, me lo diga.
Chaco: el de artista es la mas humana de las profeciones
el payaso es el mas humano de los artistas

Saiba mais em: www.makujarrak.com.ar ou www.chacovachi.com

2 comentários:

João Vergara disse...

Adorei. Sabe que hoje de manhã me emocionei tanto ao ver crianças recitando poesias e pequenos textos de Mario Quintana. Era o lançamento de um projeto que apoiamos, chama-se "leitura em trânsito". O que importa é que daqui a vinte anos, provavelmente algumas daquelas crianças lembrarão de hoje, e quem sabe até de seus textos decorados, assim como eu certamente me lembrarei da emoção que senti.
Adorei o blog, vou frequentar.

Anna disse...

Adorei saber o seu segredo do dia! Volte sempre